Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


22-05-2022

A ARTE DE QUESTIONAR + O BATALHÃO AZOV RENDEU-SE + A ADESÃO DA FINLÂNCIA E SUÉCIA À NATO POSSIBILITA O CONTROLO DOS USA SOBRE A RÚSSIA


A ARTE DE QUESTIONAR 

Uma sociedade-ideologia-opinião que não se questiona não avança

  O filósofo Sócrates usava do método maiêutico (arte de realizar partos) para levar as pessoas ao conhecimento; para isso servia-se de perguntas, seguidas de respostas a que seguiam novas perguntas, como se ele fosse uma parteira a ajudar a parturiente a dar à luz a própria criança.

Numa sociedade clientela cada vez mais técnica, burocrática e manipulada de respostas empacotadas urge fazerem-se cada vez mais perguntas!

É costume dizer-se que quem não questiona permanece estúpido…

Naturalmente, pode-se questionar tudo, desde a opinião geral à opinião individual! Uma notícia que apresentada na TV, ou noutro meio de comunicação social, é geralmente engolida sem ser mastigada nem saboreada…

As elites do poder já que não conseguem do cidadão uma fé comum procuram, o que é natural, criar nele uma opinião comum. O pensar diferenciado não ajuda o poder (nem agrada à massa anónima) mas serviria mais a evolução da pessoa humana e da população

Há o perigo de projecções, mas também há questões que podem ser indigestas e que para serem “engolidas” e o seu conteúdo não provocar “tosse” precisariam mais tempo de ruminação. 

Perguntas perigosas podem tornar-se aquelas que questionam a opinião geral ou as pessoas que se consideram esclarecidas!...

Uma pergunta muitas vezes oportuna seria: Quem beneficia com isto? O que é que está aqui em jogo? O que pretendes com isto? Porque perguntas isto?...

A pergunta é sempre legítima porque a questionação plural tenta libertar a pessoa do “lado certo” ou do “lado errado” e, deste modo, possibilitar um caminhar humano de todos em frente na procura da Verdade!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Texto completo em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7497

 

O BATALHÃO AZOV EM MARIUPOL RENDEU-SE

A partir de 16 de maio já se renderam às forças da Rússia e de Donetsk (república independente desde 2014) 2.361 membros do batalhão Azov (nazis e ultranacionalistas) entrincheirados no Azovstal, último bastião das tropas ucranianas em Mariupol, relata o general Ígor Konashénkov (Ministério de Defesa russo). Entre eles havia 80 feridos. Mais de 340 nacionalistas ucranianos morreram lá.

Desde o começo da guerra, foram destruídos, quase 950 drones ucranianos, 172 aviões de guerra e 125 helicópteros, bem como 3.158 tanques e outros veículos blindados, 395 lançadores de foguetes múltiplos, 1.562 canhões e obuses e 3.026 veículos militares (1)…

Azovstal já se encontra sob o controlo da Rússia e de Donestk…

Duas semanas e meia (22 de março) depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, TONLINE publicou a notícia: “OMS aconselha Ucrânia a destruir agentes patogénicos em laboratórios”.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo e notas em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7488

 

 

A ADESÃO DA FINLÂNCIA E SUÉCIA À NATO POSSIBILITA O CONTROLO DOS USA SOBRE A RÚSSIA

A Turquia ameaça vetar a Entrada dos dois Países na Nato

A entrada da Finlândia e da Suécia na NATO significaria para Putin um golo na própria baliza, mas também acarretaria consigo uma grande complicação para a Europa que ficaria, como até ao presente, limitada aos interesses dos USA sem possibilidade de definir uma política própria. A Finlândia tem mais de 1.340 km de fronteira com a Rússia e mais de 1/3 da sua população adulta entre os reservistas das Forças Armadas. Isto significaria para a Nato a possibilidade de controlar directamente o adversário através da Europa sem que os USA se vissem ameaçados atomicamente no seu próprio território! Como reação Moscovo poderia transportar ogivas nucleares, para o enclave de Kaliningrado, o que possibilitaria alcançar capitais europeias! A chefe de governo finlandês já avisou que, em princípio, não quer armas nucleares ou bases permanentes instaladas no país!

… Erdogan defende os seus interesses movendo-se entre os sistemas de interesses e de valores da Nato e da Rússia…

Como no passado tentará pôr os interesses da Nato e da Rússia um contra o outro, para, assim, poder exigir concessões da EU e do Presidente dos EUA Joe Biden; a Turquia tem actualmente uma taxa de inflação de 70%.  Como membro da NATO, a Turquia está envolvida em guerras de agressão e ocupa os territórios de Estados estrangeiros, mas os países da NATO não querem saber disso porque se trata de defesa de interesses de um seu aliado. Em 1974, Ancara atacou a República de Chipre e ocupou 40% do seu território, tendo-se envolvido também frequentemente em escaramuças com a Grécia…

É de prever que o regime Erdogan conseguirá dos USA a venda à Turquia dos aviões caça F-16 (até agora recusados pelo facto de os USA apoiarem parcialmente os curdos ao contrário da Turquia que os combate); esses aviões serão para Ancara poder perseguir o povo curdo na Síria! A Finlândia e a Suécia, tal como a NATO, não consideram o movimento Gülen como “terrorista”, o que Erdogan exige desde há muito!...

Tudo isto poderia ser transformado numa verdadeira oportunidade para a Europa criar uma nova ordem para si própria de maneira a um dia se tornar independente do poder militar dos USA.

Há um provérbio que diz:” O diabo está nos detalhes” – o que quer dizer, são as pequenas coisas que importam. A Europa (com políticos sem formato) anda alheada de ela própria ao não prestar atenção ao que o seu irmão grande faz e segue a agenda americana colocando-a em cima dos joelhos em vez de a analisar com cabeça!

Os USA e a EU pagarão caro pela assinatura de Erdogan para que este torne possível a adesão dos dois países à Nato; posteriormente passarão a tentar obrigar países como o Brasil e outros a alinharem-se à sua guerra hegemónica!  O autocrata turco no meio de tudo isto procura, à sua maneira, olhar pelos interesses da Turquia; o mesmo será difícil de dizer de outros governantes europeus!

Investigadores do Instituto de Kiel para a Economia Mundial revelaram que, na guerra contra a Rússia, os EUA (desde 24 de janeiro a 10 de maio) anunciaram promessas à Ucrânia de cerca de 43 mil milhões de euros em assistência militar, financeira e humanitária. Os países e instituições da UE prometeram, no mesmo espaço de tempo, apoio de 16 mil milhões de euros.

A diferença reflectida no apoio corresponderá aos interesses envolvidos no conflito. 

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7479