Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


27-08-2022

Fotografias de António Passaporte,1901-1983, natural de Évora


Na comemoração do 26º aniversário do Arquivo Histórico Municipal de Cascais, é colocada à disposição para consulta mais uma coleção, tão representativa da nossa história.

 

Num ano marcado pelo início da reabilitação da Casa Henrique Sommer para a reinstalação do Arquivo Histórico Municipal – que lhe permitirá também assumir-se enquanto Centro de História Local – a partir de 25 de agosto, por ocasião da comemoração do seu 26.º aniversário, o Arquivo Histórico Municipal de Cascais reforça a aposta na difusão on-line da valiosa documentação à sua guarda!

 

Findos os trabalhos de reacondicionamento, descrição e digitalização dos negativos de gelatina em vidro das fotografias de António Passaporte que retratam o concelho em meados do século XX, passa a ser possível, a partir desse dia, consultar todas as imagens desta Coleção através do Arquivo Histórico Digital de Cascais. Veja aqui algumas.

 

Poderá, assim, conhecer melhor parte da extraordinária obra de António Passaporte, que iniciou a sua carreira de fotógrafo aos vinte e dois anos, nos Laboratórios Cinematográficos Madrid-Films. Ingressando, depois, na Charles Alberty, viajou ao serviço da empresa pela Argentina e por Espanha. As imagens de paisagens e monumentos que então captou seriam adquiridas para propaganda pelo Ministério da Cultura e do Turismo espanhol, lançando-o, pouco depois, na edição de bilhetes-postais ilustrados, que assinou como Loty. Aquando do início da Guerra Civil de Espanha ingressou nas Brigadas Internacionais como repórter fotográfico, até que, em 1939, temendo represálias do regime franquista, decidisse voltar a Portugal, para fixar residência em Lisboa, onde retomou atividade como fotógrafo e produtor de bilhetes-postais ilustrados, cuja qualidade se traduziu num afluxo de encomendas e reconhecimento público, de âmbito nacional.

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ANTÓNIO PASSAPORTE

NÍVEL DE DESCRIÇÃO

Fundo Fundo

CÓDIGO DE REFERÊNCIA

PT/TT/APS

DATAS DE PRODUÇÃO

1940 A data é incerta a 1950 A data é incerta

DIMENSÃO E SUPORTE

284 doc. fotográficos (positivos em papel, p/b, 9x13,5cm, gelatina e sais de prata

HISTÓRIA ADMINISTRATIVA/BIOGRÁFICA/FAMILIAR

António Pedro Passaporte nasceu em 24 de Fevereiro de 1901, filho do fotógrafo José Pedro Braga Passaporte, natural de Évora. Aqui permaneceu até 1911, altura da partida com seu pai para Angola, onde se terá iniciado na arte da fotografia.

Apaixonado pelo teatro, quando regressou a Portugal participou em várias peças e mais tarde, em 1923, em filmes produzidos para cinema. No ano seguinte partiu para Madrid, onde iniciou a sua carreira de fotógrafo. Como vendedor de papéis fotográficos viajou por toda a Espanha e Argentina, registando paisagens e monumentos (muitas delas adquiridas pelo Ministério da Cultura e Turismo Espanhol para propaganda turística). Face ao sucesso obtido editou postais, assinando com o pseudónimo Loty, nome pelo que ficaria conhecido.

Durante a Guerra Civil de Espanha ingressou nas Brigadas Internacionais como repórter fotográfico. Terminada a guerra, regressou a Portugal e continuou a sua actividade de fotógrafo com trabalhos de publicidade e arquitectura, retratos de artistas, etc. Em 1940 principiou a produção de postais ilustrados a preto e branco, destacando-se a edição dedicada à Exposição do Mundo Português, tendo também colaborado com o Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo.

Através da sua firma 'Fototécnica Loty' obtém autorização para fotografar o interior dos Palácios Nacionais, conseguindo o exclusivo para a venda dos postais nos próprios palácios.

Retirou-se da fotografia em 1965, dedicando-se, a partir daí, a escrever as suas memórias e a investigar a história da sua família. Faleceu em 1983.
 

HISTÓRIA CUSTODIAL E ARQUIVÍSTICA

Apesar de não constar em qualquer lista, esta documentação veio do Arquivo Nacional de Fotografia, desconhecendo-se a sua forma, fonte e data de aquisição. Parte dos documentos fotográficos apresentam um carimbo no verso, com as seguintes informações: "Conservatória e Propriedade Literária Científica e Artística - Biblioteca Nacional, 30 de Julho de 1941" ou "Conservatória e Propriedade Literária Científica e Artística - Biblioteca Nacional, 14 de Abril de 1943". No entanto há ainda a acrescentar que esta documentação terá sido inventariada, pois todos os documentos estão identificados com uma cota atribuída ("IPPC n.º x") e numeradas de 600 a 800.

O Decreto-Lei n.º 278/91 de 9 de Agosto ao mesmo tempo que criou o Instituto Português de Museus (IPM), extinguiu a Divisão de Fotografia do IPPC, colocando na dependência directa do Director do IPM a gestão do património fotográfico.

Através do Decreto-Lei n.º 160/97 de 25 de Junho foi criado o Centro Português de Fotografia (CPF), e na sua dependência o Arquivo de Fotografia de Lisboa. Parte dos fundos custodiados pelo extinto Arquivo Nacional de Fotografia foram incorporados no CPF, sendo transferidos, em Setembro de 1999 do anexo do Palácio da Ajuda, para o edifício da Torre do Tombo, local onde se instalou provisoriamente o Arquivo de Fotografia de Lisboa do CPF.

Do espólio desta casa fotográfica faziam também parte câmaras fotográficas e outro equipamento, que se encontravam no Depósito de Belém, a cargo do Divisão de Documentação Fotográfica do Instituto Português de Museus, e transferidos para as instalações do Centro Português de Fotografia, no Porto, em 1999.

O Decreto-Lei nº 93/2007, de 27 de Março e a Portaria nº 372/2007 de 30 de Março consagraram a dependência do CPF em relação à Direcção Geral de Arquivos (organismo que resultou da fusão entre o Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo e o Centro Português de Fotografia), e a documentação do Arquivo de Fotografia de Lisboa foi integrada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
 

ÂMBITO E CONTEÚDO

As fotografias reunidas neste fundo fornecem vistas panorâmicas de monumentos de Lisboa (Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, estátua de D. Pedro IV, Palácio da Ajuda, Palácio das Necessidades, Palácio de Queluz, estátua do Marquês de Pombal, Aqueduto das Águas Livres, etc.), de avenidas, jardins, edifícios e barcos.

Contém também imagens de Castelo de Vide: vistas panorâmicas, ruas, igrejas (Igreja Matriz de Santa Maria e Igreja de S. Tiago Maior) e hotéis.

Exposição de António Passaporte com Câmaras fotográficas da época

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A exposição sobre o fotógrafo António Passaporte, na Casa Sommer, cujos postais ilustrados retratam, de uma forma ímpar, um dos períodos áureos da Costa do Sol e outros lugares icónicos do concelho, foi agora enriquecida com a inclusão de 14 modelos de câmaras fotográficas contemporâneas de Passaporte. São máquinas que vão desde o início do século XX aos finais dos anos 50 e 60 que correspondem ao período de atividade de António Passaporte enquanto fotógrafo. As câmaras fotográficas são provenientes da coleção particular de Fernando Penim Redondo que reúne mais de 500 máquinas de rolo, intimamente ligadas com a história da fotografia. Este colecionador conseguiu reunir em dez anos centenas de modelos de todos os cantos do mundo num projeto, iniciado em 2012, a que deu o nome de Flashback.

 

   

Exposição de António Passaporte com Câmaras fotográficas da época