Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


20-12-2022

Libertação de Goa, mais um ano desde 19/12/1961


Libertação de Goa, mais um ano desde 19/12/1961

Quando o colonizador chegou com os seus costumes e tradições tão díspares, o nativo não o entendeu. Fazia as coisas ao contrário. Eram diferentes e o estrangeiro queria impor a sua vontade sobre o indígena.     

O Zé derramou a caneca de água nos pés e esfregou-os vigorosamente, antes de passar para as partes superiores.

— Sinhô Zê, — disse Gopal Shiva — isso não são maneiras de se lavar. — Lava-se primeiro a cabeça e os pés em último lugar. 

Após o jantar o Zé Silva desenrolou a esteira de dormir de forma errada. Em vez de começar pelo lado de cabeça, fez ao contrário. Gopal explicou-lhe que os indianos nunca corriam o risco de pôr a cabeça onde tinha posto os pés na noite anterior.

Evidentemente, que se em práticas tão simples não se entendiam, nunca podiam estar de acordo com situações mais complexas e durante quase 500 anos. Tão simples como utilizar a mão direita para comer e nunca a esquerda e tão emaranhadas como as teias sociais, psicológicas, religiosas, etc.  

E, claro, deu-se a rotura: o dono de casa não podia consentir que o usurpador continuasse a ocupar ilegalmente o seu espaço.

Muitas cerimónias estão marcadas para o dia da libertação de Goa neste 19 de dezembro de 2022.

Ainda antes, no dia 13 deste mês o Ministro-Chefe de Goa, Pramod Sawant, no memorial dos mártires, localizado no Jardim Salvador de Souza, prestou homenagem aos 15 mártires mortos em 13 de dezembro de 1788 por terem participado na revolta dos Pintos de 1787, Panjim. Sawant afirmou que a heroica revolta dos Pinto contra o regime português em Goa será sempre honrada e continuará a inspirar as gerações vindouras. Para guardar a memória de bravos mártires como os Dessais, os Pinto e Dipaji Rane que se revoltaram contra os portugueses, será divulgado um livro a 19 de dezembro.  

 

A revolta de Pinto foi uma rebelião contra o domínio português em Goa em 1787. Os líderes da conspiração eram três padres proeminentes da aldeia de Candolim, Goa. Pertenciam ao clã Pinto, daí o nome da rebelião e foi a primeira revolta contra os portugueses feita por padres.

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