Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


07-02-2023

O Gharb al-Andalus do século VII / XIII por António Rei, incluindo a que que descreve a Península Ibérica


António Rei https://journals.openedition.org/medievalista/929

Ushbûna ( Lisboa - I )

 

   
 

O Gharb al-Andalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Y...

Rei, António

Introdução A geografia árabe não é muito conhecida em Portugal, mesmo aquela que descreve a Península Ibérica, e...

 

 

20É uma cidade de al-Andalus, também chamada Lashbû­na. Limita com Santarém perto do Mar Envolvente [Oceano Atlântico]. Existe nas suas costas um âmbar excelente.
Diz Ibn ­Haw­qal :“Encontra-se na desembocadura do rio de Santa­rém, em direc­ção ao mar.”(1) Diz ainda : “Da foz do rio que é em Almada, até Lisboa, e daí a Sintra, são dois dias.”(2) (Ed.: I, p. 195; trad.GAK, pp. 69-70)
NOTAS
1. Não foi detectada esta passagem na edição de Ibn Hawqal que utilizamos, Kitâb Sûrat al-Ard (Liber Imaginis Terrae, ed.J.H. Kramers, col. B.G.A.,vol.II, Leiden, 1967). Provirá possivelmente de um outro manuscrito do texto de Ibn Hawqal (geógrafo e viajante oriental do século X, cf. ob.cit.).
2. Na p. 115 da edição referida na nota anterior, a passagem aparece como segue : “[...]Da foz do rio até Lis­boa, um dia, e de Lisboa a Sintra, dois dias[...]”.

Al-Andalus

21Al-Andalus [...] estende-se do limite da Galiza até à kura de Santarém, [daí] até Lisboa [e] até Jabal al-Ghûr e demais cidades que vão até Gibraltar [...](1).

O segundo lado (2) [...] [segue, depois da foz do Guadalquivir] para a ilha de Saltes, o rio Guadiana, Tavira, Santa Maria (3), Silves e daqui gira em direcção a Lisboa e Santarém, regressando depois ao Cabo de S.Vicente (4) , em frente a Silves, podendo o mar ser cortado entre Silves e o Cabo de S. Vicente, por uma distância de cinquenta milhas. Lisboa, Sintra e Santarém estão à direita de um alfoz. O Cabo de S. Vicente é um monte que se eleva entrando pelo mar cerca de quarenta milhas, onde se ergue a famosa Igreja dos Corvos. Em seguida, abandonando o Cabo de S. Vicente, junto ao Mar Circundante (5), passa-se pelo alfoz de Arrifana, pelo alfoz de Mira (6) e cruzam-se aquelas regiões inflectindo para norte.

 

 

[FORUM ELOS]O Gharb al-Andalus do século VII / XIII por António Rei, incluindo a que que descreve a Península Ibérica

 

A  geografia e topónimos  do Magrebe é pouco conhecida pela maioria de nós, mas agora eu fiquei curiosa com a pergunta do Paulo Castro Garrido : Apelidos de Origem Portuguesa-nisba no Magrebe?  

Certamente que existem  muitos registros dos quais pouco sabemos!!

 

Sugiro que leiam este interessante texto:

Gharb al-Andalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Yâqût al-Hamâwî e Ibn Sa‘îd al-Maghribî

António Rei

O Gharb al-Andalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Y...

 

   
 

O Gharb al-Andalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Y...

Rei, António

Introdução A geografia árabe não é muito conhecida em Portugal, mesmo aquela que descreve a Península Ibérica, e...

[FORUM ELOS]   Gharb al-Andalus do século VII / XIII por António Rei, incluindo a que descreve a Península Ibérica.

 

 

Comecemos pela leitura da Introdução 

 

A geografia árabe não é muito conhecida em Portugal, mesmo aquela que descreve a Península Ibérica, e principalmente, as descrições árabes do espaço hoje português.

2Além de algumas traduções parciais e pontuais, do punho de David Lopes1, e, mais recentemente, de José D. Garcia Domingues2, dispôs-se apenas, ao longo das últimas três décadas, do inserido na antologia Portugal na Espanha Árabe, organizada por António Borges Coelho3.

3Se as primeiras têm a virtude de serem traduções obtidas directamente dos textos árabes, e por vezes de autores menos conhecidos e explorados, a última coligiu as três principais, e mais substanciais, fontes geográficas árabes então conhecidas sobre o ocidente peninsular, e que eram:

o texto tradicionalmente atribuído a al-Râzî 4, o de al-Idrîsî 5 e o de al-Himyarî 6.

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Mas o panorama sobre os autores árabes que escreveram sobre al-Andalus é muito mais vasto sendo de toda a urgência que o mesmo se amplie, pois a ausência de novos textos em língua portuguesa tem tornado, no contexto geográfico, o discurso um pouco gasto e repetitivo.

Assim, escolhêmos dois autores do século VII da Hégira / XIII d. C., Yâqût al-Hamâwî e Ibn Sa‘îd al-Maghribî, para uma primeira contribuição ao panorama em questão. Apenas pontualmente traduzidos para português pelos dois arabistas atrás identificados, poderemos considerá-los como ‘praticamente inéditos’.

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Apresentamos aqui a totalidade das informações que ambos redigiram sobre o espaço português.

 

 

Autores mais tardios, é certo, têm, no entanto, as suas obras, a vantagem de poderem ajudar à reconstituição de fontes mais antigas, parcialmente ou totalmente desaparecidas, como são os casos de al-Râzî, al-‘Udhrî 7 e al-Bakrî 8.

 

   
 

O Gharb al-Andalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Y...

Rei, António

Introdução A geografia árabe não é muito conhecida em Portugal, mesmo aquela que descreve a Península Ibérica, e...

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9Yâqût al-Hamâwî é anterior a Ibn Sa‘îd al-Maghribî, embora ambos tenham composto as suas obras no século VII / XIII, o primeiro um monumental dicionário geográfico do mundo então conhecido; e o segundo duas obras, uma antologia poética, com introduções de tipo geográfico, um verdadeiro tratado de geografia.

10Optámos por uma tradução que tentasse seguir tanto a letra como o espírito dos textos em causa.

 

Gharb al-Andalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Yâqût al-Hamâwî e Ibn Sa‘îd al-Maghribî

António Rei

https://doi.org/10.4000/medievalista.929