Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


10-05-2023

Contos, crônicas e imagens afins Prae dolore, diante da dor de Clarisse da Costa,Santa Catarina


Prae dolore, diante da dor

 

Não foi o forte olor de cobre, que nauseou os sentidos olfativos da condessa. A náusea que nascia no estômago e subia até a cabeça e voltava de novo para o estômago. O que de fato a nauseou, foi a vaga lembrança de alguém que a chamou pelo título de condessa, o que simbolizava tudo que ela mais odiava, neste mundo no seu âmago mais profundo.

Mas um outro sentimento floresceu na cabeça dela, na verdade um instinto tomou os pensamentos como um raio que se abala dos céus e parte uma árvore ao meio. O puro instinto de sobrevivência soou bem alto àquela hora e ela tentou colocar os pensamentos em ordem: — Onde estou? Simples assim, uma simples pergunta e mais nada! Onde estava e o que estava fazendo naquele exato momento? Foi quando ela se viu no espelho. Na verdade ela sentiu que não era ela que o espelho refletia e sim uma imagem projetada na distância de um Quasar, um núcleo galáctico bem distante de tempo e espaço.

Fá Rodrigues Butler tenta tomar consciência de si mesma e percebeu uma figura de pé e ao lado dela. Uma mulher oriental que falava sem parar, uma língua estranha, exótica ao extremo. Foi quando as palavras da mulher começaram a fazer sentido, que o desespero tomou conta de Fá. Ela olhou bem a oriental, de idade indefinida e trajada como um vestido floral e leve, rosto levemente maquiado, unhas pintadas de laranja cremoso e os tamancos geta.

— Então madame a primeira vez que se pisa em um palco a gente nunca esquece mesmo! É sim, nunca que a gente esquece a avant-première, madame. E a senhora tem esta grande dádiva, e que Dionísio e as bacantes a protejam e a acompanhem a madame! — Falou a mulher oriental de forma tranquila e pausadamente.

Fá notou que era uma maquiadora, e ela passou em Fá um pincel levemente para lhe realçar as maçãs do rosto, a oriental procurou um batom apropriado no estojo de maquiagem. Procurou como se estivesse consultando uma paleta de cores, a profissional da maquiagem optou por dois tipos. Um para o lábio superior, carmesim intenso e um outro vermelho cereja, leve e mais inocente para o lábio inferior. A dualidade de uma mulher fatal, com a docilidade de uma menina mulher, que estava começando a descobrir a vida. E para finalizar a oriental pegou um lápis e fez uma pinta no rosto esquerdo da pretensa atriz. A profissional executou seu trabalho com toda a eficiência e delicadeza de quem sabia o que estava fazendo, sem pressa alguma.

— Então a prima Prima Donna, lhe falta algo? Alguma coisa? Nada? Então quebre a perna! — Disse a maquiadora efusiva.

Fá Rodrigues Butler não sabia o que dizer ou fazer, a não ser concordar acenando com um balançar com a cabeça, para a exótica mulher, de pé ao lado dela. Para Fá, a situação é mais que estranha, paradoxal ou mesmo insólita. Mas, bem lá no fundo, ela sabia que uma tempestade estava por vir, uma sombra negra que se formou no horizonte à frente. Foi quando uma voz ao longe avisou que faltavam dez minutos para começar o espetáculo que Fá caiu em si. Era uma voz distante e metalizada, como se fosse uma gravação analógica e não uma pessoa a um microfone ao vivo. Era uma voz jovem e distante de uma alma velha.

Mas, a atenção da condessa voltou para a bancada, bem à frente dela, tudo organizado ao máximo do extremo. Os esmaltes estavam dispostos, como uma palheta de cores, estavam ao lado esquerdo dela. E tudo mais, de pincéis, pinças, lápis, corretivos, esponjas para base, protetor para aplicação de cílios, pequenos espelhos e tudo que Fá, pode perceber estavam dispostos de forma simétrica em sequência de três e cinco. Estamos organizados perfeitamente, tanto de formas e cores, a mulher olhou profundamente para as bancadas vazias ao lado e elas estavam em completa desordem.

— Então a prima Prima Donna, lhe falta algo? Alguma coisa? Nada? Então quebre a perna! — Repetiu de forma mecânica a maquiadora oriental. A mulher parecia uma máquina programada, esperando uma resposta dita.

— Não preciso de mais nada, obrigada! — Respondeu secamente e sem olhar para a profissional. — Responde Fá desoladamente.

A maquiadora, então sorriu e se retirou furtivamente, foi buscar abrigo seguro em uma cadeira a poucos metros de Fá. Sentou e ficou estática como se fosse um robô desligado. Fá Rodrigues Butler, tentou processar a situação, mas não houve tempo para processar nada, pois ela, mecanicamente se levantou, andando até uma porta envidraçada. Na porta, uma ajudante de ordens esperava sorridente, o homem que passava da meia idade, pequeno estava vestido como um mordomo inglês do início do século XlX. Ele sem nada dizer pegou na mão esquerda de Fá e a conduziu por corredor escuro, que se iluminava conforme os dois andavam. Um leve cheiro almiscarado chegou aos sentidos de Fá, trazendo uma lembrança distante, em tempo e no espaço, pois a leve fragrância se misturou a um forte olor de tabaco mentolado.

As luzes se acendiam conforme os dois mergulharam na escuridão, ambos estavam em completo silêncio. Fá trajada como à espanhola, ela vestida como se fosse na alta corte espanhola do início do século XIX. No íntimo ela bem sabia que estava caminhando para encarar um batalhão de fuzilamento. Então ao chegar ao fim do corredor, uma cortina do palco se abriu. Fá viu duas estátuas gregas vivas, eram duas sentinelas, um musculoso soldado espartano e outro um elegantíssimo pensador ateniense, ambas trajadas à moda do período da guerra do peloponeso. Ambos congelados no tempo e no espaço, retratando uma guerra longínqua também em tempo e espaço, um prelúdio para a prima donna. O ajudante de ordem largou a mão da atriz, e um forte cheiro de algo queimado toma conta do ambiente. Fá olhou para o ajudante de ordem, e o homem estava com o lado esquerdo do corpo queimado, exalando fumaça. O homem simplesmente sorriu como um lorde inglês, com parte do lado esquerdo do rosto desfigurado, a cena gelou a alma da atriz. O medo e o horror extremado quase a fizeram desmaiar de tanto pavor. O homem levantou a mão e indicou o caminho do proscênio a pouco à frente dos dois. Fá, se moveu lentamente para frente, ela querendo esquecer o ajudante de ordem.

Ao chegar no centro do palco, cortinas foram abertas, com a abertura do palco, as luzes da ribalta cegaram os olhos da prima donna momentaneamente. E lá estavam os três adereços de palco. Fá, notou próxima a ela a esquerda, um dramaturgo sentado em uma antiga escrivaninha. Um jovem caracterizado, com cabelos grisalhos pintados grosseiramente, com paletós mal cortado, largas calças bege com a cintura alta, coletes por baixo dos paletós, sem gravata e nos pés um moderno e barato tênis de corrida. O homem, usava uma gravata borboleta preta e estava com o cabelo todo arrepiado, em cima da escrivaninha, uma antiga máquina de escrever Royal da década de quarenta. O homem estava afogado em velhos papéis amassados, com as mãos na cabeça, resmungava alto, ele tirou as mãos da cabeça e voltou-se para a prima donna, estava com a feição de assustado.

O segundo adereço de cena, que Fá pode notar estava pouco à frente do dramaturgo, um jovem negro muito alto, estava com o dorso nu, calça caqui, botas de soldados surradas e segurava uma guitarra preta em forma de machado. O instrumento era uma simples peça decorativa, feita especialmente para a encenação, o homem encarava com uma expressão enfurecida a audiência. O terceiro e último adereço de palco, estava no lado oposto do proscênio, fazia oposição ao guitarrista, era uma contrabaixista, também empunhando um instrumento decorativo. Era jovem mulher loura de meia idade, estava usando um comportado vestido branco, sem maquiagem, nenhuma joia ou qualquer adereço, ela simplesmente sorria angelicalmente para audiência em oposição ao outro colega de cena. A ação dramática dos três elementos era ficar estáticos, pouco se mover, estátuas vivas e mais nada.

Fá olhou para o dramaturgo e dá os primeiros passo para enfrentar a audiência, ela para por uns instantes e olhou profundamente para a plateia. Na primeira fila, estavam os militares de patentes intermediárias com seus uniformes de galas, ladeados de suas esposas estavam trajes de gala, na segunda fileira estavam os bem sucedidos homens. Estavam vestidos de forma elegante, com o seu smoking ladeado por senhoras também elegantes, com seus vestidos com estolas e casacos de pele. Por fim, nas filas subsequentes uma plebe mal vestido e notadamente não ambientada a frequentar o teatro. No camarote principal, a prima donna viu cinco militares de alta patente, com seus imponentes uniformes de gala. Também notou duas jovens mulheres usando vestidos medieval de inverno preto elegante e gótico, uma era negra e outra teuta. Os cinco militares ostentavam seus charutos cubanos e as mulheres abanavam seus leques de forma teatral.

E lá estava ele, no seu todo, o público ávido, estavam sedentos a prima donna pensou, só não sabia o que de fato queriam. Um homem barbudo chegou por trás de Fá, e sussurrou palavras inteligentes aos ouvidos atentos da atriz, o homem barbudo, deu meia volta e desapareceu de cena. Fá Rodrigues Butler, deu uns passos à frente, encerrou a audiência e tentou iniciar o monólogo, mas as palavras não chegavam, um burburinho tomou conta da plateia, risos, pigarros, assobios e palavras ininteligíveis. Foi quando ela angustiada tomando conta de fato o que ocorria em seguida, em lampejo, uma ideia de uma fuga desesperada tomou-lhe a cabeça, não uma fuga qualquer mais um grand finale. Foi quando ela levantou a mão esquerda e empunhou uma pistola Luger P08, o burburinho da plateia cessou por fim, estavam todos prestando atenção na atriz. O silêncio dramático toma conta do ambiente, a prima donna aponta a arma para o dramaturgo, ao lado e poucos metros dela, ajusta a mira e atira na cabeça. O estampido tomou conta do lugar, a audiência se levantou, aplaudiu e gritou bravo, bravíssimo em uníssono, enquanto o corpo do escritor caía da cadeira sem vida.

Os outros dois adereços de cena, trocam olhares entre si, olha para trás e olham a prima donna ainda apontando a pistola em direção do dramaturgo, que estava ao chão. Foi a deixa para ambos, largarem seus instrumentos de forma abrupta e saírem de cena calmamente, passaram entra a atriz principal e o ator que estava no chão. Enquanto a prima donna andou até à beira do palco e aponta a arma contra a plateia. Mais uma vez o silêncio dramático, o pavor tomou conta do lugar, até a atriz levar a arma até a cabeça e atirar em si mesma, urros de viva aplausos tomaram conta do lugar.

Não foi o forte olor de cobre, que nauseou os sentidos da condessa. A náusea veio de outro lugar, a sensação nauseante nascia no estômago e subia até a cabeça e voltava de novo para o estômago. O que de fato a nauseou foi o fato de alguém a chamar de condessa, que simbolizava tudo que ela mais odiava. Mas um outro sentimento surgiu na cabeça dela, na verdade um instinto tomou os pensamentos como um raio que despencou dos céus e parte uma árvore ao meio. O puro instinto de sobrevivência soou bem alto àquela hora e ela tentou colocar os pensamentos em ordem: — Onde estou?

Fragmento do livro: Em dias de sol e calor, em noite de tempestades e frio, Texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

 

 

 

 

 

Entre lágrimas, o silêncio e o amor…!

 

Que os ventos da natureza me levem para onde eu possa repousar tranquilamente. Que os horizontes se abram, acalentando os meus versos feito com a minha alma e o coração. Que nada possa estar vazio, mas cheio de luz, para serem lidos com o indelével olor do amor.

Que a celestial luz da poesia, arranque todas as dores de minha alma e coloque no lugar o puro amor. Que em cada palavra escrita e recitada tenha bons sentimentos, mesmo feito em doloridas lágrimas e profundas cicatrizes que um dia se findou, se iludiu e se curou.

Que o vento sopre e me mostre toda a verdade de quem um dia se calou, mas em lágrimas chorou. Que na beleza da vida, cada verso composto, dito, contado, recitado e declamado possa se encaixar, fazendo assim a epopeia do poeta em dor.

Texto Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo. Contato: debragafabiane1@gmail.com  

 

 

 

 

 

Depois do fim

 

Clarisse Cristal, olhou para a tela do computador, fechou os olhos e tirou as mãos do teclado e suspirou profundamente. E antes mesmo que pensasse em qualquer coisa, ela levou a mão até o mouse e levou a seta, até o ícone da impressora e clicou. Enquanto a máquina imprimia a obra, Clarisse Cristal procurou pôr as ideias em ordem. E a primeira coisa, foi olhar para trás e admirar Muteia, deitado na cama de bruços a dormir, ele completamente nu e um turbilhão de ideias e sentimentos, tomaram conta dela naquele momento.

— Saborei bem, este breve e doce momento, anjo negro. A primeira vez é sempre assim mesmo, o excelso, o que há de melhor neste mundo e o que é de pessimamente ruim, se misturando em uma confluência negra e atroz! — As confusas palavras de Agnes chegaram diretamente na cabeça de Clarisse Cristal como leves eufônicos sussurros suspensos no ar. — Depois as palavras jorram na cadência da escrita automática, minha querida.

— Não me diga minha cara e vai ser assim mesmo? Você abstrata e incorpóreo flanando na minha cabeça, ditando o que eu tenho ou deveria escrever? — Perguntou Clarisse Cristal em completa angústia.

— Não mesmo, meu anjo negro, olhe para trás e serás que sou bem real, a bem da verdade um pouco mais que real, pois estamos para além de qualquer realidade projetada ou mesmo imaginada, pela raça humana. Somos superiores a tudo e a todos! — Falou Agnes em triunfo.

Agnes andou até a impressora e viu as páginas sendo despejadas na bandeja de saída. Espera até a última página ser impressa e paga o manuscrito, lê a primeira página e coloca em uma pasta de couro marrom. Levanta o olhar para Clarisse que não tirou os olhos da tela do computador como se estivesse em um profundo transe.

— Podes olhar para mim e mesmo assim manter a sanidade, anjo negro! — Falou Agnes.

E assim que a jovem escritora levantou os olhos para a mulher a poucos metros dela, Clarisse sentiu uma leve dor de cabeça.

— E agora? — Perguntou Clarisse Cristal.

— Agora é fumar um cigarro e beber algo forte! — Respondeu Agnes

— E agora? — Perguntou novamente Clarisse Cristal.

— Calma, meu anjo negro! O fim, é o começo de algo melhor e grandioso. — Agnes levantou a mão e ergueu a pasta com o manuscrito — Cru é verdade é o seu manuscrito, mas um grande fim e o prelúdio de um grande começo!

Fragmento do livro: Em dias de sol e calor, em noite de tempestades e frio, Texto de Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina. Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

 

 

 

Brian ? primeira parte

 

Começo de semana e de repente, tem o meu reencontro com Brian pelos corredores, os nossos horários eram diferentes, eu sempre chegava mais cedo no trabalho. Para mim não é nada fácil, estou perdidamente apaixonada por Brian. E como não bastasse o meu drama pessoal, vê-lo sempre rodeado por mulheres lindas e interesseiras não é fácil. Pelo menos não para mim.

Brian é um empresário dinâmico, muito interessante e também é um rico dono de uma grande concessionária de carros e motocicletas, que explora desde as linhas veículos mais populares e de luxo, esportivos e utilitários. 

         Novamente, meu coração acelerou e lá estava ele, elegante sentado em seu escritório, compenetrado e trabalhando. Bom, ele estava escrevendo no computador, pensei que iria passar rápido para ele não me ver. Então, fui trabalhar, chega desta história de menininha perdidamente apaixonada.

            — Ei Sara, porque não me cumprimentou!? — Falou alto Brian, ao me ver passar apressada na frente da sala dele! A voz dele chegou em mim a poucos passos da porta do meu chefe. Dei uns passos para trás e tive que encarar o meu chefe e o meu destino.

            — Estava apressada, desculpe-me...

            — Boa garota, claro que te desculpo, entre aqui menina e vamos conversar um pouco! — Disse Brian como se fosse um adolescente em uma balado juvenil.

        — Não posso chefe, estou atrasada com o meu trabalho! — Falei aflita, parada na frente do escritório dele, eu querendo ir embora.

            — Entra aqui mulher! Preciso que tu me faça um favorzinho! — Me deu uma ordem em um tom sedutor. 

            Dei uns passos para dentro, do escritório de Brian e ele me puxou pelos meus braços. Ele deu uns passos para o lado e baixou as persianas, deixou o ambiente à meia luz e ali mesmo, na mesa do escritório fizemos amor. A cena se repetiu por um tempo, mas um dia eu disse um grande basta para mim mesma, preciso colocar um fim naquela situação, além de tudo ele é meu chefe.

         — Eu estou adorando a nossa situação! E agora? Quero um homem só meu! — Falei para Brian depois do nosso sexo casual.

         — Olha garota amanhã, tenho uma surpresinha para nós dois, vamos à minha casa da praia? — Falou Brian sorrindo com os olhos.

          Eu curiosa e quieta apenas concordei com a cabeça, eu não sabia aonde estava indo a nossa aventura. Uma aventura perigosa, e eu estava cansada de me apaixonar e me machucar e a aventura com o meu chefe não estava ruim, só estava incompleta.  

         — Claro que quero Brian! — Falei não escondendo o meu entusiasmo.

        Continuação!

Texto de Fabiane Braga Lima, contista, poetisa e novelista em Rio Claro, São Paulo.

Contato: debragafabiane1@gmail.com

 

 

 

Apenas uma imagem

 

Para quem idealiza a mulher vista na fotografia tenho algo a dizer: eu não sou perfeita, não tenho o corpo perfeito, eu uso um andador e para mim isso é apenas um detalhe.

A minha perfeição está nos meus problemas, ou seja, não existe perfeição. As fotografias que eu publico em qualquer rede são apenas uma casca, por trás dela existe uma mulher linda com todas as suas imperfeições.

Eu me surpreendo com os inúmeros comentários e procuras por uma imagem que essas pessoas tanto idealizam. O que isso prova que o ser humano se deixa levar muito pela estética. Por esse motivo, devo concordar que a pessoa que somos não tem tanta importância.

Ao invés de procurarem quem é a pessoa em si, querem saber do seu problema. Eu poderia dizer qual o número do meu pé, falar a minha música preferida ou mencionar sobre o último livro que eu publiquei. Sei lá, qualquer coisa. Mas não é isso que muitos querem.

Parece que as pessoas têm prazer pelo sofrimento do outro, como se esse prazer desse para elas a certeza de que são fortes e perfeitas. Mas ao contrário do que pensam não existem seres perfeitos e 100% fortes, cada ser humano tem a sua fragilidade. Sinto também que rola um medo por parte dessas pessoas, só não sei dizer o motivo, o porquê desse medo.

O ser humano é cheio de caos, incertezas, julgamentos e preconceitos.

O que eu posso dizer em relação ao homem? O homem criado pelo seu ego, pelo seu olhar estético e esse seu lado de superioridade talvez demore a aprender a respeitar a mulher e a enxergar as suas inúmeras belezas. Antes que você me pergunte. Sim, eu tenho total consciência de que não são todos os homens.

Mas posso dizer que uma grande parcela enxerga as mulheres com problemas físicos de forma diferente. Não é nada fácil, rejeições, perguntas imaturas, olhares de indiferenças, gestos de pena e nenhuma palavra de incentivo!

Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu,Santa Catarina

Contato: clarissedacosta81@gmail.com