Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


09-08-2014

Timor-Leste TEMPO PARADO PARA JOSÉ LUÍS PEIXOTO


Timor-Leste TEMPO PARADO PARA JOSÉ LUÍS PEIXOTO
– o passado é enorme o futuro é enorme e nós estamos aqui
No dia 1 de agosto, no auditório do Arquivo & Museu da Resistência Timorense, decorreu um encontro com o escritor José Luís Peixoto. A terminar a sua estadia por Timor-Leste, que durou duas semanas, José Luís Peixoto fez várias intervenções nos mais diversos contextos e este encontro, organizado pelo PFICP(PROJETO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA DE PROFESSORES em Dili- http://www.pficp-esg-estv.com/), procurou ser também um resumo das experiências vividas pelo escritor neste país.


A palavra tempo, que integra o título do encontro, é uma temática transversal e predominante em toda a sua obra. A expressão “tempo parado”, retirada de uma crónica do autor publicada recentemente na revista Espiral do Tempo, serviu, assim, de linha temática orientadora aos assuntos discutidos neste encontro, que procurou ainda aliar excertos das suas diferentes obras às distintas dimensões do tempo: o passado, o presente e o futuro.
Nesta viagem pelo tempo, o passado destacou-se com o poema do 3.º livro do autor “Na hora de pôr a mesa, éramos cinco” e em que três jovens timorenses declamaram a reescrita deste poema à luz das suas vivências particulares, num cenário preparado para o efeito.
Questões como a relação do escritor com os leitores, o horizonte de expectativas das leituras e as dimensões do ato da escrita foram também assuntos discutidos neste encontro, que terminou com a declamação de dois poemas do livro A casa, a escuridão: “A explicação da eternidade” e “A casa”.
De Timor-Leste, José Luís Peixoto diz levar experiências inesquecíveis, marcadas pelo acolhimento e beleza deste país.


“na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs 
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco”JLP

https://www.facebook.com/arquivomuseu.resistenciatimorense/media_set?set=a.631731710274469.1073741931.100003129384000&type=1