Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


17-12-2001

Cultura Angolana Por Rosa Senguele, Nsungu Castelo


A cultura angolana está sendo ameaçada de extinção primeiro por causa da modernização mundial de um lado, a civilização ocidental sem contar o cristianismo e as descobertas do próprio ser humano. Em segundo lugar podemos relatar as conseqüências da guerra prolongada; as pessoas perdem a liberdade que elas tinham nas aldeias, por exemplo, para enfrentar uma vida totalmente oposta ao habitual delas. Assim como nós, muitos angolanos vivem fora do país.


Um exemplo de cultura angolana: o nome da criança.

O nome é dado à criança. Em grande parte, em homenagem a alguém e, por causa disso, essa criança recebe o tratamento do proprietário original do mesmo nome. O primogênito recebe em geral o nome do pai ou do avô paterno , ou avó paterna se for menina. No caso de xará do pai, ele é chamado "papa fioti" ou seja "pai pequeno" quer dizer paizinho. E avozinho ou avozinha se for o segundo caso. Ou também se dá apelido a criança só para não ficar pronunciando o nome da ou do xará porque seria falta de respeito. Quando a criança chega na idade de poder sair (três meses), os pais levam ela a casa do chará para a apresentar a ele. E com eles levam um galo vivo, um terno (fato, costume), roupa feminina para mulher, saco de "macoca" (que significa mandioca fermentada na água) - e ainda explico que alem do termo macoca existem outros como makesso plural de kesso, bombó e madioca- termo kicongo de madioca- para fazer fubá (farinha de mandioca), bebidas, calçados, lenço de cabeça,... O bebê recebe do chará vários presentes como roupas e se ele tiver boas condições materiais, ele compra presentes até para os pais do bebê. Até a uma certa idade, essa criança pode viver com o chará dela.

 

A música angolana tradicional, tem várias classificações, entre as quais podemos citar: o ritmo musical que exprime alegria isto quando há casamento, nascimento de gêmeas, chegada de uma pessoa que se achava ter perdido para sempre. Já o ritmo da tristeza é tocado no caso de morte de uma pessoa importante; as pessoas que vivem mais longe do local, ao ouvir o ritmo de batuque, podem até dizer o nome da pessoa que morreu. Pode também ser tocado numa data que coincida com a da morte de alguém importante.

Há ainda os ritmos de música que tocam nas festas populares e o que são executados para um grupo de pessoas após a circuncisão.

A família angolana é grande. Ela compõe-se do chefe da família, do pai, mãe, filhos, tios, sobrinhos que têm os mesmos direitos que os filhos. A ajuda financeira deve-se estender a todo o componente da família.

Texto dos angolanos : Rosa Senguele Castelo ,nascida no Kibocolo

(UIGE) e seu marido com o NSungu Filipe Castelo que é da Damba (UIGE), pais de Nsungu Kamukotelo, Keto, Cristiane e de Zola, residentes em Uberaba Minas Gerais.