Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


05-05-2004

A Cultura literária em Goa


Enviado por emerson@francanet.com.br

Estou enviando este texto que descobri na Internet, que creio ser importantíssimo para uma maior compreensão das outras culturas de língua portuguesa.
Tomei conhecimento, também, recentemente, de dois livros que pretendo adquirir o mais rápido possível, e que acho importante divulgar:

1 - Dicionário de Literatura Goesa - autor: Aleixo Manuel da Costa, em três volumes - Relaciona todos os escritores e poetas goeses, tanto os de produção em língua portuguesa como os de produção em língua concani. Mais detalhado que este, impossível.

2 - Portuguese Bermudian Encyclopedia - autora: Patricia Mudd - trata de fatos e personagens relacionados à colonização portuguesa nas ilhas Bermudas

A cultura literária em Goa como referência da herança cultural portuguesa na Índia
José Miguel Ribeiro Lume

Portugal surgiu como reino independente em meados do séc. XII e atingiu a sua actual expressão territorial um século mais tarde. Confirmada a sua independência após a crise de 1383-85, iniciou um processo de expansão para o Norte de África que se veio a traduzir no domínio das rotas marítimas do Atlântico Sul, do Índico e do Pacífico.
No Oriente, confirmado o Estado Português da Índia a partir de meados do séc. XVI, veio este a abranger territórios e rotas marítimas que da costa oriental de África nos ligaram às terras distantes do Japão.
Goa, conquistada definitivamente em 25 de Novembro de 15101, tornar-se-ia um centro administrativo e político importante de onde irradiaria ao longo de cerca de quatro séculos toda uma influência cultural que se revela nos tempos actuais em aspectos diversos que podemos caracterizar como sendo de herança cultural portuguesa. Logo à partida, a presença portuguesa na costa ocidental do subcontinente indiano caracterizar-se-ia por um conflito aberto entre duas cultu-ras de base religiosa diversa na sua natureza e nos seus rituais, uma lutando pela manutenção das suas crenças e costumes de raíz milenária, a outra impondo dou-trinas e processos sem questionar a justeza dos mesmos ou sequer a sua adequação às sensibilidades locais. O processo de cristianização tentaria uniformizar as diferentes tendências da sociedade que se desejava miscigenada, mas só as ordens régias no sentido da criação de escolas viriam a iniciar esse processo quando o vice-rei D. João de Castro as criou a fim de educarem jovens de diferentes origens nas letras e bons costumes. Estes seriam naturalmente destinados a engrossar as fileiras do clero como futuros propagadores da fé cristã e das letras. Só com a criação das escolas públicas pelo Marquês de Pombal em 1771 se dá um impulso valioso ao estudo das humanidades e se começam a formar as gerações de goeses que se encarregarão de assimilar e espalhar valores da cultura ocidental.
Se até finais do séc. XVIII se podem somente referir alguns casos de notoriedade nas letras e nas artes, como os sacerdotes goeses Leonardo Pais2, António João de Frias3, Jácome Gonçalves4 e Sebastião do Rego5, a partir de meados do séc. XIX destacam-se alguns estudiosos, escritores, jornalistas, clérigos ou mestres que em muito contribuiram para uma criação literária significativa, conjunto esse de obras comumente caracterizadas como literatura Indo-Portuguesa.
Goa foi integrada na Índia independente em 19 de Dezembro de 1961 pondo termo a cerca de 450 anos de domínio político-militar português. Se entendermos a chamada Literatura Indo-Portuguesa como o conjunto de obras escritas por indianos, nomeadamente por goeses, que utilizaram a língua portuguesa para expressarem a sua criatividade e transmitirem as suas vivências, as suas ideias, os seus senti-mentos, as realidades sócio-culturais da sua terra, há que considerar uma possível caracterização com base em fases diferenciadas dessa produção literária: um primeiro período desde 1510 a 22 de Dezembro de 1821, data do início da publicação da Gazeta de Goa; um segundo período até finais do séc. XIX, mais precisamente até à criação do Instituto Vasco da Gama em 1871; a terceira fase até à integração de Goa na Índia e consequente corte de relações diplomáticas com Portugal nos finais de 1961; seguindo-se uma última fase desde então até aos nossos dias, agora com aspirações a um possível estatuto de paridade com outras produções literárias lusófonas.
A realidade actual dos territórios indianos outrora objecto de influência cultural portuguesa é bastante complexa e nem sempre fácil de ser caracterizada com base em inferências gerais. Para quem visita esses territórios, são por de mais evidentes os testemunhos arquitectónicos e etnográficos da herança cultural portu-guesa. Talvez menos perceptíveis mas evidentes num contacto mais profundo, são os de ordem linguística ao nível da prática do português como língua materna ou familiar, de inúmeros vocábulos ou expressões presentes ou de origem identificável nas línguas locais.
Que cultura literária, que elementos se poderão considerar como represen-tativos de uma produção literária indo-portuguesa? Tendo em consideração a produção em prosa, em poesia e fazendo recurso do ensaio, poderá afirmar-se que é sobretudo na ficção que a vertente lusófona da literatura indiana é bastante pobre.
Deve-se à imprensa periódica iniciada em 1821 com a Gazeta de Goa a difusão mais ou menos sistemática da actividade literária goesa. Na segunda metade do séc. XIX, deve-se à Ilustração Goana, dirigida pelo advogado Júlio Frederico Gonçalves (1846-1896) e publicada mensalmente, o aparecimento de algumas vocações assinaláveis como as de José Mariano de Abreu, José Gerson da Cunha, A. Sócrates da Costa, António Gonçalves de Figueiredo, Caetano Francisco de Miranda, Jacinto Francisco de Miranda e José Maria do Carmo Nazaré. Pequenas crónicas, hagiografias, lendas e tradições eram igualmente divulgadas nos populares almanaques cuja publicação foi frequente nos finais do século, como o Almanaque de Goa (1840), Almanaque do Cristianismo, Almanaque Literário, Almanaque Recreativo e outros.
Paralelamente, surgiam em periódicos como Biblioteca de Goa, Enciclopédi-co, Compilador, mas sobretudo em publicações mais especializadas como Mosaico, do poeta Manuel Joaquim da Costa Campos, Tirocínio Literário, de Joaquim Garcez Palha, Harpa do Mandovi e Trovador do poeta João de Lemos, artigos e poesias produzidas com regularidade pelos poetas locais, todos eles educados nas letras portuguesas, com conhecimentos de latim e dos textos clássicos, dentro da boa tradição cultural portuguesa.
É também no final do século que surge a mais representativa das obras em ficção, um romance de inspiração romântica, denunciativo das injustiças sociais geradas pela divisão de castas e raças, pelas instituições sociais e judiciais. Da autoria de Francisco Luís Gomes (1829-1869), o romance Brâmanes é ainda hoje um elemento de referência no contexto da cultura literária goesa. Esta saíu reforçada com a criação em 1871 do Instituto Vasco da Gama.
O Instituto Vasco da Gama, criado por iniciativa de Tomás Ribeiro, consagrou o primeiro passo do governo para fomentar e apoiar as ciências e as letras em Goa, tendo-lhe sido atribuído um edifício para instalação da sua sede e apoio financeiro para a publicação de um boletim mensal com o título do próprio instituto. Renovado em 1924, foi em torno do Instituto Vasco da Gama que se promoveu uma fase áurea da literatura indo-portuguesa, nas áreas do ensaio, do texto de intervenção jornalística, na historiografia e na poesia. De referir, contudo, que os poetas mais conhecidos, não pela qualidade dos textos mas pelas temáticas desenvolvidas, são anteriores a essa renovação.
Praticamente desconhecidos do público em geral na Goa de hoje, fazem parte da história da literatura indo-portuguesa, poetas como Tomás Garcez Palha (1842-1904), conhecido pela apologia às benesses da sua terra. Pode-se citar a título de exemplo o louvor às qualidades da manga "Portugal tem belas frutas/ No Brasil as há também,/ Mas como as da nossa Goa/ Nenhuma outra terra as tem". Tendência idêntica foi seguida por Cristovam Aires (1853-1930) em obras como Novos Horizontes, Íntimas, Anoitecer e Cinzas ao Vento; por Mariano Gracias (1871-1931) em Terra dos Rajás, ou nos pequenos poemas de Manuel Sanches Fernandes (1886- -1915) e de Floriano Barreto (1877-1905). A par de poemas épicos como Vasco da Gama, deixou-nos Paulino Dias (1874-1919) poemas heróicos de referência aos deuses indianos, poemas esses compilados postumamente sob o título No País do Súria e que denotam alguma dificuldade no uso literário da língua portuguesa. É também por referência às tradições e crenças características da Índia que Nascimento Mendonça (1884-1926) nos deixou poemas como Lótus de Sangue e de Ideal, A Tentação de Vaissia ou A Morta. Sob o título Luz e Trevas, deixou-nos Hipólito Meneses Rodrigues (1902-1947) alguns poemas dispersos de carácter mais ou menos intimista à semelhança de Júlio Adeodato Barreto (1905-1937) em O Livro da Vida. Deve-se a este intelectual goês a criação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra de um Instituto Indiano e a publicação de um periódico cujo título Índia Nova já denuncia o objectivo de propagar a civilização e o huma-nismo hindu nas suas diversas vertentes. Ele próprio colaborador da Seara Nova e do Diabo, produziu uma obra de vulto intitulada Civilização Hindú que teve larga divulgação.
Como já se referiu, é sobretudo no ensaio que os goeses se distinguiram dedicando-se à investigação e produzindo obras que em muito têm contribuído para uma melhor compreensão da interacção cultural luso-indiana. Essa tradição mantém-se na sociedade goesa actual, sendo inúmeros os intelectuais que, apesar de formação bastante diversa, se dedicam à investigação na área das ciências sociais. Poderá mesmo afirmar-se que, se alguma produção existe hoje em dia em língua portuguesa, ela se resume a ensaios ou artigos de teor académico, não havendo uma produção representativa ao nível da poesia ou da ficção novelística, embora se possa salvaguardar o caso dos contos recentemente publicados por Carmo de Noronha. Encarrega-se, entretanto, a produção jornalística de reafirmar em Goa e de espalhar pelo mundo uma maneira de ser e de estar do goês, forçosamente de inspiração luso-indiana, que o diferencia do indiano em geral. Esta produção não se efectiva em língua portuguesa mas sobretudo em inglês. Poderá transmitir vivências que atestam a herança cultural portuguesa mas sem que a sua expressão se inscreva na área da lusofonia, como é o caso de Alexandre Moniz Barbosa e Mário Cabral e Sá entre outros.
Sem entrar em pormenores descritivos da produção historiográfica, são de referir alguns estudiosos que contribuiram para que ainda hoje se mantenha alguma tradição cultural de inspiração portuguesa em Goa. Poder-se-á sempre explicar o crescente interesse pela investigação, pelo estudo do passado, através da própria necessidade de a existente comunidade goesa, cristã ou não, de vivência cultural de inspiração indo-portuguesa, sobreviver face a outras comunidades que a cercam ou tentam absorver. Mais compiladores ou divulgadores do que historiadores, mais dedicados à biografia e ao comentário que que à elaboração histórica, os intelectuais goeses revelaram sempre a tendência para problematizar a presença portuguesa na Índia, quer pela exaltação quer pela negação de alguns feitos marcantes ao longo dos séculos dessa presença. Realçando a lealdade de Goa para com Portugal, António Anastácio Bruto da Costa (1828-1911), legou-nos As Revoluções Políticas da Índia Portuguesa do século XIX e Goa sob a Dominação Portuguesa, sendo também de considerar o conjunto de memórias descritivas sobre cristianização e educação em Goa de Casimiro Cristovam Nazareth (1830-1927), de Filipe Neri Tomé Caetano do Rosário e Souza (1840-1897) e de Caetano Francisco de Sousa (1860-1898). De destacar ainda Frederico Diniz de Aiala (1860--1923), Francisco Xavier Expectação Barreto (1861-1937) e Manuel José Gabriel Saldanha (1853-1930) a quem se deve uma primeira tentativa de uma História de Goa. Se a maior parte dos produtores de textos historiográficos tinham uma formação eclesiástica como Manuel José Feliciano Gustavo Couto (1856-1959), autor de obras como O Cosmógrafo Fernão Vaz Dourado fronteiro da Índia e a sua obra e A História da Antiga Casa da Índia, ou António Pedro Ciríaco Fernandes (1878-1941) e Valério Aleixo Cordeiro (1878-1940), outros tantos eram médicos de formação e de profissão, dedicados à produção de trabalhos na sua área e afins mas sobretudo à história da sua região. Inserem-se neste grupo António Maria da Cunha (1865-1947), autor de A Evolução do Jornalismo na Índia Portuguesa e de A Índia Antiga e Moderna; José Benedito Gomes (1878-1941), António Xavier Heráclito Gomes (1864-1934) e Francisco António Wolfgango da Silva (1864-1947).

Intencionalmente referidos em útlimo lugar, são de destacar os trabalhos de investigação e de divulgação produzidos por Panduronga Pissurlencar, por José António Ismael Gracias (1857-1959), colaborador da revista Oriente Português e autor de uma extensa obra de que se destaca Vasco da Gama e o Descobrimento da Índia, India em 1623-1624-Excertos das memórias do Viajante Pietro della Valle, Bocage na Índia e Uma Dona Portuguesa na Corte do Grão Mogol. Ainda António Bragança Pereira (1883-1955), autor de O Sistema de Castas, História Religiosa de Goa, Etnografia da Índia entre outras.
Fundamental para a compreensão dos fenómenos linguísticos ao longo da presença portuguesa na Índia e para o estudo da situação actual da língua portuguesa na Goa moderna, foram os trabalhos de Sebastião Rodolfo Dalgado (1855-1922), o mais distinto dos académicos goeses, especialista na área consignada no título de uma das suas obras publicada pela Academia das Ciências de Lisboa, Influência do Vocabulário Português em Línguas Asiáticas. Publicou um volumoso Glossário Luso-Asiático, além de vários outros trabalhos sobre dialectos indo-por-tugueses.
Neste conjunto de textos produzidos em língua portuguesa, muitos deles a serem considerados somente no contexto da história da literatura indo-portuguesa, não parece haver, na opinião de goeses falantes de português em Goa, um só que se destaque e esteja presente no dia a dia das vivências culturais da população, mesmo daqueles sectores mais ligados à chamada herança cultural portuguesa.
Poderão servir como elementos de referência os romances Brâmanes de Francisco Luís Gomes, Jacob e Dulce de Francisco João da Costa; poemas de Garcez Palha ou de Adeodato Barreto, mas são sobretudo ensaios como os produ-zidos por Ismael Gracias, Sebastião Dalgado ou Bragança Pereira que se mantêm presentes e continuam a ter mais impacto na sociedade goesa actual. A realidade pós-colonial, ou seja, após 1961 tem de ser entendida à luz de imensas dificuldades no diálogo intercultural Portugal-Índia interrompido entre 1961 e 1975, com os traumas culturais próprios de uma época difícil para a população falante de português e portadora de uma herança cultural que, para se manter, necessita de se renovar. De alguma forma, essa missão ficou nas mãos dos goeses espalhados pelo mundo, a quem se tornou mais fácil manter as vivências características da comunidade. Poder-se-á mesmo considerar que a expressão máxima de uma produção literária goesa em língua portuguesa se concentra em Orlando Costa, um português, etnicamente e por nascimento ligado a Goa, cujas obras Sem Flores nem Coroas e O Signo da Ira ganharam alguma notoriedade no contexto do neo-realismo português.
A herança cultural portuguesa em Goa, passados 38 anos da sua integração na Índia, mantém-se nos monumentos, nas edificações urbanas e rurais de que são testemunho as conhecidas e bem características casas indo-portuguesas, na prática religiosa, nos festivais populares e nos rituais e costumes sociais ou familiares de vária ordem. Mas a cultura literária indo-portuguesa permanecerá passadista e remetida às prateleiras do esquecimento se não se intensificar a divulgação em Goa da literatura portuguesa actual, das literaturas em língua portuguesa, se não se divulgar e promover a língua portuguesa como meio de comunicação e de vivência cultural.
De língua oficial em 1961, o português passou à clandestinidade relativa, perdeu inclusivamente o estatuto de língua de opção, felizmente recuperado há poucos anos com a sua introdução nos curricula do ensino secundário e com a criação de um Departamento de Estudos Portugueses na Universidade de Goa. Complementando o empenho do Instituto Camões no sentido da divulgação da língua e da cultura portuguesas, têm instituições como as universidades portuguesas, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Oriente, além do Instituto Português do Oriente, apoiado a realização de ciclos de conferências, de exposições em que se divulgam aspectos actuais da cultura portuguesa e lusófona em geral.
Independentemente de aspectos característicos da herança cultural portuguesa ainda hoje bem presente na sociedade goesa serem objecto de divulgação através de uma produção literária nas línguas locais e em inglês, só com o reforço da língua portuguesa em Goa se poderá esperar uma renovação da literatura indo--portuguesa ou goesa de língua portuguesa de maneira a se poder considerar que existe uma cultura literária que reflecte essa herança cultural ou que possa reivindicar o estatuto ou inclusão nas literatura lusófonas.

Bibliografia

- A. B. Bragança Pereira, Etnografia da Índia Portuguesa, Bastorá-Goa, Tipografia Rangel, 1991, 2 vols.
- António Maria da Cunha, A Índia Antiga e Moderna, Nova Goa, 1935.
- Ethel M. Pope, India in Portuguese Literature, New Delhi, Asian Educational Series, 1989.
- Filinto Cristo Dias, Esboço da História da Literatura Indo-Portuguesa, Bastorá-Goa, Tipografia Rangel, 1963.
- Maria da Paz Cabrita de Barros Santos e Jesuíno de Noronha, Poesias do Povo Goês, Lisboa, Centro Cultural Goês, s.d.
- Vimala Devi e Manuel Seabra, A Literatura Indo-Portuguesa, Lisboa, Junta de Inves-tigações do Ultramar, 1971, 2 vols.

Notas

1. Veja-se Commemtários de Afonso D'Albuquerque, Lisboa, 1973.
2. Natural de Gandaulim (1662-1722), foi autor de um Promptuário das Definições Indicas.
3. Natural de Talaulim (1674-1727), escreveu o ensaio Aureola dos Indios e Nobiliarquia Bracmana.
4. Natural de Divar (1676-1742), realizou vários trabalhos de lexicografia e foi autor de um Dicionário breve de palavras selectas e difíceis da Crónica e Evangelhos.
5. Natural de Neurá (1699-1765), escreveu Vida do Venerável Padre José Vaz.