Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


17-12-2014

tradução Ad-hoc"Para vos conhecer melhor: Brasil e Sudeste Asiático" de Ken West


publicada no

 https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/dialogos_lusofonos/conversations/messages/19558

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Considero de interesse lembrar esta conversa no Fórum porque o tal problema da metodologia do ensino da língua portuguesa, em Timor-Leste, continua crítico por algumas das razões apontadas por Ken, mas parece que um certo progresso tem sido conseguido!

Por um professor de agronomia que esteve recentemente em Timor-Leste a dar aulas de botânica, soube que o Instituto Camões está a desenvolver um programa de ensino da língua exigente e com resultados.

 

Pedi ao Chrys Chrystello o favor de traduzir o texto de Ken Westmoreland, o inglês com dois amores: Timor-Leste e a língua portuguesa. Leia o texto de Ken no final da minha correspondência.
Obrigada Chrys Chrystello.  No final de contas é em português que a gente se entende!
Quanto ao depoimento do  Ken :Concordo 90 % com as palavras do Ken. Os outros 10 % do meu "não de acordo" é porque existem certos exageros nas suas palavras, tanto contra ao Brasil, como contra Portugal. Mas respeito seu pensar. Até porque o seu ponto de vista  como cidadão de língua inglesa, é enriquecedor. Pensamos e temos sensibilidades diversas!
O meu "não de acordo" em relação ao Brasil, é porque uma das grandes dificuldades, é a ausência da capacidade das Escolas Brasileiras responderem à necessidade de informarem a juventude sobre a História da Humanidade. Nem a História do Brasil é bem ensinada!  Só agora começam a melhorar os currículos. Esta a razão do povo brasileiro pouco saber sobre o próprio país e ainda menos do Sudeste Asiático.

Já os portugueses são muito mais interessados e conhecedores do Sudeste Asiático. Falta apenas o poder econômico. Penso que as dificuldades poderiam ser ultrapassadas, um pouco. com boas parcerias entre Brasil e Portugal. Alguma coisa vai acontecendo. Mas tem que se tomar uma decisão/desbloquear sobre o (des) acordo ortográfico.
É por estas e outras razões que se lutou(alguns) pelo acordo, embora "pareça" que ao Brasil "pouco" importa, como diz o Ken, e eu discordo. Enquanto os dois países participarem unilateralmente nos apoios, confundem e enfraquecem as iniciativas.

Passo o texto "Para vos conhecer melhor: Brasil e Sudeste Asiático" traduzido pelo Chrys e aguardo comentários.
Margarida

 

From: chrys gmail d 
Subject: tradução Ad-hoc Para vos conhecer melhor: Brasil e Sudeste Asiático
To: "Margarida Castro"
Cc: "Ken Westmoreland" 
Date: Sunday, June 7, 2009, 3:48 PM
 

Chrys CHRYSTELLO,  tradução Ad-hoc de "Getting to Know You: Brazil and Southeast Asia" "Para vos conhecer melhor: Brasil e Sudeste Asiático"* por Ken Westmoreland* Maio 31, 2009

Há muitos anos que trago no coração dois amores: a promoção da língua portuguesa e o apoio a Timor Leste, este datando já do tempo da ocupação indonésia, após a retirada de Portugal da Província Ultramarina em 1975. Durante a última década, após Timor Leste ter obtido a autodeterminação, esses meus amores foram submetidos a duros testes. É quase como se fosse pai de dois gêmeos siameses, amo a ambos da mesma forma, mas seria mais fácil para eles e para nós se não estivessem ligados pelas ancas.
Durante muitos anos, apreciei com estupefação o súbito interesse demonstrado por alguns brasileiros em relação a Timor: a jornalista Rosely Forganes passou um ano lá e escreveu o livro " Queimado, Queimado, Mas Agora Nosso" e a estrela de telenovelas Lucélia Santos virou realizadora e dirigiu o filme "Timor Lorosae: O Massacre Que O Mundo Não Viu". Elas e outros tentaram evocar alguns laços históricos entre os dois países e os dois povos, quando na realidade a maior parte das pessoas no Brasil liga tanto a Timor Leste como as pessoas nos EUA sabem e se preocupam pelas Ilhas Salomão (na Papuásia).

Assim, o que é que os brasileiros sabem do sudeste asiático? Sem falar já de Timor...Embora saibam sobre o Japão devido à migração em ambos os sentidos, e saibam sobre a China devido ao aumento das trocas comerciais, o sudeste asiático é desconhecido, território virgem, por explorar, ou mesmo uma área fora dos limites.
Conquanto tivesse feito algum ruído simpático sobre Timor na ONU, o Brasil manteve sempre relações diplomáticas com a Indonésia, embora por vezes com alguma fricção entre ambos.

Em 1987, José Ramos Horta, atual Presidente escreveu: "Uma delegação comercial brasileira à Indonésia foi cancelada abruptamente. Os empresários brasileiros ouviram a versão de que a posição oficial brasileira estava a prejudicar as relações comerciais entre os dois países. Claro que os empresários (que jamais tinham ouvido falar de Timor e mesmo que tivessem ouvido falar também não se importavam nada) levaram a mensagem ao Palácio de Itamaraty. Arqui-pragmáticos os brasileiros tentaram jogar para os dois lados agradando à comunidade lusófona ao apoiar a proposta da ONU e aplacando a ira indonésia declarando que o Brasil não pediria a outros países para apoiarem essa moção da ONU".

Contudo, estariam, então, os brasileiros realmente tão interessados nessas transações comerciais com a Indonésia nessa época como estavam em apoiar os direitos à autodeterminação de Timor? Duvido. Talvez os líderes mais conservadores e os líderes militares anticomunistas como Geisel e Figueiredo tivessem mais em comum com Suharto, mas teriam algum interesse em serem recebidos por ele e vice-versa?

Em Fevereiro deste ano visitei  Timor ou 'Timor Leste' como é hoje comumente conhecido, mesmo por pessoas que não falam português e tive o prazer de me avistar com brasileiros que ali trabalhavam. O brasileiro mais sobejamente conhecido é o falecido Sérgio Vieira de Mello, chefe da  administração transitória da ONU. Ele cuidadosamente lidou com o problema da política da língua oficial em Timor e ganhou enorme respeito da comunidade timorense pelos seus esforços em aprender Tétum, a principal língua do país, algo que nenhum governador português fez.

Decerto que ajuda o fato de o Tétum, que é também língua oficial no país, ser altamente influenciado pela língua portuguesa, sobretudo no seu vocabulário mais moderno o que torna mais fácil que os portugueses o aprendam. Apesar de a maioria dos timorenses não falar ainda português, vale a pena recordar que há oitenta anos, naquilo que é hoje a Indonésia, apenas cinco por  cento da população falava o que se chama de língua indonésia. Essencialmente, uma derivada do Malaio, não era mais inteligível através do enorme arquipélago do que o Português para  a maioria dos habitantes da Europa Ocidental.

Timor necessita de uma contrapeso para a Indonésia e Austrália, e ajuda que o país mais bem colocado na região para desempenhar tal papel, a China, veja a língua portuguesa como uma mais-valia mais do que uma desvantagem dado ter cultivado laços com o Brasil e Angola dada a sua necessidade de matérias-primas. Se ao menos o Brasil visse o problema da língua da mesma forma. É quase como se tivesse um complexo de inferioridade em relação à língua portuguesa, um sintoma de desejar ter sido colônia de qualquer outro país que não Portugal. Contudo, independentemente de jamais vir a ser a língua de Timor, o português é a língua oficial do Brasil e necessita de ser mais assertiva na sua promoção a nível mundial.

Infelizmente, quando escrevo (em Português) para os ministérios em Brasília ou para embaixadas brasileiras no estrangeiro para lhes perguntar quais os seus esforços na promoção da língua sempre os achei mais ineficientes do que os seus congêneres em Lisboa e apenas uma vez se dignaram responder-me. Conquanto o Instituto Camões de Portugal seja também ineficaz (e não faça nenhum favor à língua de Camões). Não existe equivalente seu no Brasil. Parafraseando uma velha anedota o Português do Brasil é a língua do país do futuro e será sempre assim. Por outras palavras, é a língua do país que não quer crescer.

O maior problema da língua portuguesa em Timor não é o de poucas pessoas serem incapazes ou de não quererem aprender mas que os brasileiros sejam inexperientes no seu ensino a falantes de outras línguas.  Por exemplo, ainda não há dicionários de Indonésio-Português ou de Português-Indonésio. Isto significa que os professores brasileiros usam dois dicionários para decifrarem textos escolares indonésios que ainda são frequentemente usados. Por outro lado, existem muitos livros, incluindo dicionários, para falantes de indonésio que queiram aprender espanhol, muitos dos quais são bem utilizados pelos timorenses que foram para Cuba estudar medicina. Mais embaraçosa ainda é a existência de um dicionário Sueco - Indonésio. Que fez o Brasil para remediar esta falha? Nada.

Quando se trata de promover a língua portuguesa na Ásia o Brasil deveria ter enorme vantagem em relação a Portugal que é um país visto como apenas interessado em preservar as relíquias do seu passado imperial. Realmente, deve-se ao Brasil e não a Portugal que quase tantas pessoas na Ásia falem português hoje, há quase 300 000 falantes de Português no Japão, mais do que em Timor, Macau e Goa juntos. O Brasil necessita tanto da CPLP, a comunidade lusófona de nações, para promover a língua portuguesa como os EUA necessitam da Commonwealth, sucessora do Império Britânico para promover o Inglês. 
A única coisa de valor que pode eventualmente vir a advir da CPLP, um canal internacional de TV, está bem longe de se tornar realidade, havendo mais hipóteses de ser a China a lançar esse canal de língua portuguesa. De qualquer forma, a Commonwealth está desacreditada como uma mera feira de falantes perante a qual o Reino Unido se sujeita a lições de moral de líderes despóticos e corruptos das suas ex-colônias ou de Moçambique uma ex-colónia de Portugal.

Aliás, o Brasil tem tanta necessidade de harmonizar a sua escrita com a de Portugal como os EUA têm de o fazer com o Reino Unido. No sudeste asiático ambas grafias são usadas (Inglês americano e  britânico) muitas vezes interdependentes, mas isso nunca tornou a língua inglesa menos popular. Contudo o Brasil deveria escrever 'Singapura', e não 'Cingapura', o que parece tonto.

O Brasil não sofre nem acarreta essa bagagem colonial ou histórica e pode promover a língua portuguesa como devia ser feito, como a língua duma potência regional que quer ser levado a sério no palco internacional. Contudo, para o fazer, o Brasil deve levar a sério o resto do mundo e isso inclui o sudeste asiático.

É verdade que Brasília tem mais embaixadas na região do que Lisboa, mas como é que os diplomatas preenchem os seus dias? Tendo vivido em Singapura ri ao ver uma brochura intitulada "É tempo do Brasil em Singapura". Mas porquê só agora? Quando frequentei uma escola internacional  em Singapura encontrei pessoas de todo o mundo mas nenhum Brasileiro, nem mesmo os filhos desses diplomatas. Muitos anos depois vim a descobrir a razão, o Itamaraty era demasiado sovina e não lhes pagava as propinas de inscrição.

Os brasileiros deverão aprender mais sobre a Indonésia, o gigante regional. Pode ter a maior população muçulmana do mundo mas não é uma Arábia Saudita. Bali, onde dois brasileiros morreram nos bombardeamentos da Jemaah Islamiyah em Outubro 2002, é predominantemente Hindu. Enquanto a Al Qaeda acusava Sérgio Vieira de Mello de ser um 'cruzador' a tentar "roubar parte do mundo islâmico"  o arquiteto da invasão indonésia de Timor Leste em 1975, General Benny Murdani, era Católico Mari Alkatiri, o primeiro premiê de Timor era muçulmano.

Assim, enquanto a língua indonésia continuar a ser vista com hostilidade por alguns timorenses educados em Portugal, como sendo a língua do opressor, muitas palavras em indonésio são de origem portuguesa  *gereja, sepatu, garpu, roda, pesta, palsu, terigu, keju, mentega, lelang, meja, jendela, boneka* e inúmeras outras sem mencionar o nome dessa ilha indonésia, Flores.

Pode ser uma surpresa para muitos brasileiros saber que a Indonésia teve uma contribuição, mesmo que pequena, para um dos seus vizinhos, Suriname. Grande parte da sua população descende de trabalhadores emigrantes indonésios de Java trazidos pelos holandeses há mais de um século e que falam um dialeto javanês apesar de estarem em contato com a Indonésia há séculos. Durante muitos anos a única contribuição brasileira para a região foi através de telenovelas, na sua maioria dobradas/dubladas  (Escrava Isaura em Chinês, *Sinhá Moça* em Malaio e *Terra Nostra* em Indonésio) pelo que poderiam ser desculpados por pensarem que os brasileiros não falavam português. Contudo, hoje existe a possibilidade de as audiências verem as telenovelas na língua original, dado que a TV Record está agora disponível em toda a Ásia via satélite, oferece uma solução há muito esperada para substituir a pobre RTP Internacional de Portugal. Mas se os canais ingleses podem ser dublados nas línguas locais então porque não o fazem os brasileiros? Ou mesmo a TVTL de Timor, a quem a  TV Globo ofereceu gratuitamente programas?

No ano passado, Lula visitou a Indonesia, e o seu homólogo Indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono (SBY) visitou o Brasil, mas quantos Brasileiros e Indonésios se seguirão? Não muitos, e a anunciada "cooperação sul-sul" nada mais é do que isso, um anúncio. Ao contrário da China que é uma economia sedenta de recursos a Indonésia é rica em recursos e encara como pouco vantajosa uma mais intensa ligação comercial ao Brasil. Contudo, agora é possível voar entre São Paulo e Jacarta via Dubai, pelo que as viagens entre os dois países ficam bem mais baratas do que viajando através da Europa.

A ignorância e o esquecimento de outras regiões do mundo é um sinal clássico de países de terceiro mundo e de todos os países pertencentes ao grupo BRIC, o Brasil é o que mais está voltado para seu próprio umbigo. Conquanto a sua decisão de se envolver com Timor há dez anos atrás possa ter sido ingênua, os brasileiros que conheço e ali trabalham mostram grande afeto e dedicação ao país e não encaram o seu papel como limpando a trampa de outros países, sejam eles Portugal ou a Indonésia. Mais importante ainda é que retiram o Brasil da sua contemplação ao umbigo para uma região do mundo que tem sido tradicionalmente ignorada, e devem acordar para novas possibilidades quer nos campos econômicos como nos culturais.

*Ken Westmoreland é um tradutor de Português e  Tétum sediado no Reino Unido que viajou pela Indonésia e Timor.*

Fonte: http://www.gringoes.com/articles.asp?ID_Noticia=2299

Getting to Know You: Brazil and Southeast Asia

* *By Ken Westmoreland*
May 31, 2009

For many years, there have been two things close to my heart: promoting the
Portuguese language, and support for East Timor, which goes back to when it
was under Indonesian occupation, following Portugal's abandonment of its
'overseas province' in 1975.

During the past decade since East Timor finally got self-determination, my
faith in both has been put to the test. It's a bit like being a parent of
Siamese twins: you love them both, but it would make life so much easier for
them, and for you, if they weren't joined at the hip.

For many years, I have watched with amusement at the sudden interest shown
by some Brazil in East Timor: journalist Rosely Forganes, who spent a year
in East Timor, wrote the book *Queimado, Queimado, Mas Agora Nosso* while
telenovela star turned film director Lucélia Santos made the documentary
*Timor
Lorosae: O Massacre Que O Mundo Não Viu*. They and others have tried to
evoke some historic link between the two countries and their peoples, when
in reality most people in Brazil know and care as much about East Timor as
people in the US know and care about the Solomon Islands.

Indeed, how much do Brazilians know about Southeast Asia, never mind East
Timor?

While they are acquainted with Japan, because of migration in both
directions, and China, because of growing trade links, Southeast Asia is an
unknown quantity, uncharted territory, if not a 'no-go' area.

While it made sympathetic noises about East Timor at the UN, Brazil always
maintained diplomatic relations with Indonesia, although not without some
friction. In 1987, José Ramos Horta, now President, wrote:

"A Brazilian trade mission to Indonesia was called off abruptly. Brazilian
businessman were told that their Government's position on East Timor was
hampering trade relations between the two countries. Sure enough, the
businessmen (who had probably never heard of East Timor and couldn't have
cared less if they had) carried the message to Itamaraty. Arch-pragmatists,
the Brazilians tried to play both sides: pleasing the Lusophone community by
sponsoring the [UN] draft; placating the Indonesians by letting them know
that Brazil would not ask other countries to support it."

However, were the Brazilians really that interested in trade links with
Indonesia back then, any more than they were in supporting East Timor's
right to self-determination? I doubt it. Perhaps conservative and
anti-communist military leaders like Geisel and Figuereido would have found
much in common with Suharto, but would they have seen any point in meeting
him, or vice versa?

In February this year I visited East Timor, or 'Timor Leste' as it is now
widely known, even by people who do not speak Portuguese, and had the
pleasure of meeting Brazilians working there. The best known Brazilian was
the late Sérgio Vieira de Mello, head of the UN's transitional
administration. He managed to tread carefully on the issue of East Timor's
official language policy, but gained a great deal of respect from Timorese
by his efforts to learn Tetum, the main language of the country, something
no Portuguese governor ever did.

It certainly helps that Tetum, which is also an official language, is
heavily influenced by Portuguese, not least in its modern vocabulary, making
it easy for Portuguese speakers to pick up. While most Timorese still do not
speak Portuguese, it's worth remembering that eighty years ago, only five
per cent of people in what is now Indonesia spoke what is now called
Indonesian. Essentially a form of Malay, it was no more intelligible to most
people across the sprawling archipelago than Portuguese is to most people in
Western Europe.

East Timor needs a counterweight to Indonesia and Australia, and it helps
that the country in the region best placed to play that role, China, sees
the Portuguese language as an asset, rather than a handicap, having been
actively cultivating ties with Brazil and Angola because of its need for raw
materials.

If only Brazil saw its language the same way. It is almost as if it has an
inferiority complex about Portuguese, a symptom of wishing it had been a
colony of somewhere other than Portugal. However, irrespective of whether it
will ever be East Timor's language, Portuguese is Brazil's language, and it
needs to be more assertive in promoting it worldwide.

Unfortunately, when I have written (in Portuguese) to ministries in Brasilia
or to Brazilian embassies abroad, to enquire about their efforts to promote
the language, I have found them even more inefficient than those in Lisbon,
and have only once received a reply. While Portugal's Instituto Camões is
also inefficient (and does the language of Camões no favours) there is no
equivalent Brazilian body. To paraphrase the old joke, Brazilian Portuguese
is the language of the country of the future, and always will be. In other
words, it's the language of the country that doesn't want to grow up.

The biggest problem with the Portuguese language in East Timor is not so
much that people there are unable or unwilling to learn it, but that the
Brazilians are so inexperienced in teaching it to speakers of other
languages. For example, there are still no Indonesian-Portuguese or
Portuguese-Indonesian dictionaries, meaning that Brazilian teachers in East
Timor have to use two dictionaries in order to decipher Indonesian textbooks
that are still widely used.

By contrast, there are plenty of books, including dictionaries, for
Indonesian speakers wanting to learn Spanish, may of which are being put ot
good use by East Timorese going to study medicine in Cuba, and more
embarrassingly, there is now a Swedish-Indonesian dictionary. But what has
Brazil done to remedy this? Nothing.

When it comes to promoting the Portuguese language in Asia, Brazil should
have considerable advantages over Portugal, which is seen as a country only
interested in preserving relics of its imperial past. In fact, it is thanks
to Brazil, not Portugal, that as many people in Asia speak Portuguese as
they do - there are nearly 300 000 Portuguese speakers in Japan, more than
in East Timor, Macau and Goa combined.

Brazil no more needs the CPLP, the Lusophone community of nations, to
promote the Portuguese language, any more than the US needs the
Commonwealth, the successor to the British Empire, to promote English. The
only worthwhile thing that might ever come from the CPLP, an international
TV channel, is nowhere near fruition, and there is more likelihood of China
launching a Portuguese-language channel.

In any event, the Commonwealth is a discredited hypocritical talking shop,
before which the UK subjects itself to moral lectures from corrupt and
despotic leaders of its former colonies, or in the case of Mozambique, one
of Portugal's.

Indeed, Brazil should no more have to harmonise Portuguese spelling with
Portugal than the US should have to harmonise English spelling with the UK.
In Southeast Asia, both American and British spelling are used, often
interchangeably, but this has never been made learning English any less
popular. However, Brazil should call Singapore 'Singapura', not 'Cingapura',
which just looks silly.

Brazil does not suffer from that historical or colonial baggage, and can
promote Portuguese as it should be promoted, as the language of a regional
power that wants to be taken seriously on the world stage. However, in order
to do that, Brazil has to take the rest of the world seriously, and that
includes Southeast Asia.

True, Brasilia has more embassies in the region than Lisbon, but how do its
diplomats fill their day? Having lived in Singapore, I had to laugh when the
Brazilian Embassy recently came out with a brochure called 'It's Time For
Brazil In Singapore'. By all means, but why only now? When I went to an
international school in Singapore, I met people from all over the world, but
no Brazilians, not even the children of diplomats. Many years later I
learned the reason why: Itamaraty was too tight-fisted to pay their fees.

Brazilians certainly need to become more knowledgeable about Indonesia, the
regional giant. It may have the world's largest Muslim population, but it is
not Saudi Arabia. Bali, where two Brazilians were among those killed in the
bombings by Jemaah Islamiyah in October 2002, is predominantly Hindu. While
Al Qaeda denounced Sérgio Vieira de Mello as a 'crusader' who 'extracted a
part of the Islamic land', the architect of the Indonesian invasion of East
Timor in 1975, General Benny Murdani, was Catholic. Mari Alkatiri, East
Timor's first Prime Minister, was a Muslim.

Indeed, while Indonesian is still viewed with hostility by some
Portuguese-educated Timorese as the language of the oppressor, many words in
Indonesian are from Portuguese - *gereja, sepatu, garpu, roda, pesta, palsu,
terigu, keju, mentega, lelang, meja, jendela, boneka* and numerous others,
not to mention the name of an Indonesian island, Flores.

And it may surprise many Brazilians to learn that Indonesia has made a
contribution, if only a small one, to one of their neighbours, Suriname.
Many people there are descended from Javanese migrant labourers brought by
the Dutch a century ago, and who speak a form of Javanese, despite having
had contact with Indonesia for generations.

For many years, the only Brazilian contribution to the region has been
telenovelas, although as these are invariably dubbed (Escrava Isaura in
Chinese, *Sinha Moça* in Malay and *Terra Nostra* in Indonesian) people
there could be forgiven for thinking that Brazilians did not speak
Portuguese at all.

However, audiences now have the chance to watch them in the original
language, as Record TV is now available across Asia via satellite, offering
a long overdue alternative to the dreary output of Portugal's RTPi. But if
English language channels can be subtitled in in local languages, then why
not Brazilian ones? Or indeed, TVTL in East Timor, to which TV Globo has
provided programming free of charge?

In the past year, Lula has visited Indonesia, and his Indonesian
counterpart, Susilo Bambang Yudhoyono (SBY) has visited Brazil, but how many
Brazilians and Indonesians will follow suit? Not many, and talk of
'south-south cooperation' remains just that: talk. Unlike China, which is a
resource-hungry economy, Indonesia is resource-rich and sees little
advantage in forging trade links with Brazil. However, now that it is
possible to fly between São Paulo and Jakarta via Dubai, travel between the
two regional giants is a lot faster and cheaper than travelling via Europe.

Ignoring other regions of the world is a classic sign of third world status,
and of all the four BRIC countries, Brazil is still the most inward-looking.
While its decision to become involved with East Timor ten years ago may have
been naïve, the Brazilians I know who work there show great affection for,
and commitment to, the country, and do not see their role as clearing up
another country's mess, be it Portugal's or Indonesia's. And, more
importantly, it has at least pulled Brazil away from its navel, into a
region of the world that it has traditionally ignored, which should awaken
it to new possibilities, both cultural and economic.

*Ken Westmoreland is a Portuguese and Tetum translator based in the UK, who
has been travelling in East Timor and Indonesia.*

Fonte: http://www.gringoes.com/articles.asp?ID_Noticia=2299

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Para compreender melhor  o pensamento de  Ken Westmoreland  é também util ouvir o seu testemunho no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=LJ4LVFSADKs