Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


26-09-2010

A riqueza do Centro-oeste Brasileiro - M Eduarda Fagundes


Fonte: Informativo Carol (agosto/2010) Guzerá

No Parque Fernando Costa, todos os anos no inicio de maio começa para o público em geral a Exposição de Gado Zebu de Uberaba. Nessa ocasião, a "Cidade Princesinha do Sertão" se engalana para receber gente de todo o país e até do estrangeiro que vem para apreciar, conhecer e negociar o gado do centro-oeste brasileiro.

Depois de uma verdadeira epopéia, que começou no inicio da colonização portuguesa com a introdução do gado vacum no Brasil ( 1534)  por Ana Pimentel, esposa e procuradora Martim Afonso de Souza (donatário de S. Vicente), até finais do século XIX e inicio dos XX, com a importação de gado indiano pelos criadores do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e centro-oeste, hoje temos o maior rebanho comercial do mundo. Vendemos o nosso gado verde rastreado para mais de 140 países, inclusive para a exigente Comunidade Européia.

País com grande variedade de tipos terra e clima, o Brasil possui desde exemplares de rebanho antigo (já adaptado à rusticidade local) o caracu, ao rebanho indiano ( Bos Indicus -perfeitamente adaptado às terras secas e quentes do interior brasileiro) e europeu (Bos taurus- nas terras frias do sul) com suas variantes raciais, fruto de pesquisas, cruzamentos e trabalhos genéticos de especialistas brasileiros.

Expostos em baias abertas, escrupulosamente limpas e forradas com serragem, os animais recebem dos seus tratadores atenção VIP nas 24 horas do dia. Alimentação, banho e escovação diária, graxa preta nos chifres, pequenos passeios pela redondeza, até som ambiente para evitar o estresse provocado pelo assédio constante dos visitantes. Flâmulas e placas festivas mostram os prêmios na categoria, proprietários, origem e dados físico-genealógicos, tudo  devidamente registrado na ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu). Os grandes reprodutores e matrizes leiteiras têm preços estratosféricos, sendo em geral comercializados o sêmen ou parte do animal ( produtos), não raras as vezes em consórcios, notificados em jornal. Os leilões noturnos são verdadeiros shows à parte. Luzes coloridas, palco, purpurinas, holofotes, para o animal que desfila. Whisky, refrigerantes e salgadinhos para os participantes, compradores e convidados.  O frenesi dos lances faz vibrar de emoção os leiloeiros e suas atraentes ajudantes.

Toda essa movimentação começou quando os fazendeiros do inicio do século passado conheceram melhor o zebu. Entusiasmados pela rusticidade, precocidade, peso e facilidade de manejo, acreditaram na potencialidade desse gado para a região. Venceram  barreiras culturais, políticas, distancias e desconfianças,  e importaram  numerosos exemplares. Não mediram esforços, investiram em  pesquisa e tecnologia. Foram precisos anos de observação, estudo, aprimoramento genético para chegar ao atual plantel .  A mansidão do GIR, a resistência do NELORE, a altivez do GUZERA e de seus cruzamentos fazem a riqueza da pecuária do centro-oeste brasileiro.



Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 25/09/2010