Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


02-08-2011

O idioma da moda - José B T Salles


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José Bento Teixeira de Salles

 

Publicação: Jornal ESTADO DE MINAS de 02/08/2011, pág. 2 do caderno EMCULTURA


Hoje, o chique da moda é agredir nossa língua pátria com palavras inglesas. E tome sale pra lá e rent a car pra cá, food no almoço e shopping no jantar, delivery hoje e mailing, amanhã, soul esgoelado e house batendo estaca.

Ainda bem que o dólar caiu para US$ 1,53. E viva os
USA!

Sou do tempo do galicismo, da madame tirar o pignoir para fazer a toilette , acender o äbat jour e abrir o ëtagère, antes de tirar o carro da garage.

A propósito, é oportuno recordar episódio ocorrido com o saudoso governador Milton
Campos, de quem fui oficial de gabinete. Certo sábado, a manhã transcorreu massacrante, com audiências concedidas a deputados e magistrados até 14h45. Às 16h, ele ainda recebeu Georges Duhamel, com quem manteve animada conversação, como bom causeur que era.

Logo após, recebeu ainda influente prócer perrista, que alegava ter assunto importante e urgente para conversar.

Esclareça-se: o assunto era um pedido de transferência de uma professora, notória pessedista.

Depois de exaustivo dia, Milton Campos comentou comigo que não se cansara demasiadamente, pois a prosa com o ilustre pensador francês fora agradável e reconfortante.

Até mesmo a audiência com o político do PR foi tolerada. Enquanto ele falava – continuou o ex-governador – eu fiquei pensando em uma velha anedota envolvendo o perfumista francês Coty, que era impiedosamente traído pela esposa.

Certo dia, ele saiu em viagem. Tanto bastou para a esposa acolher no quarto o amante.

Aconteceu, porém, que o marido voltou inesperadamente, em busca de um objeto.

Assustado e precavido, o amante escondeu-se apressadamente em um guarda-roupa , onde ficou entre vestidos, aspirando os mais variados perfumes.

Quando Coty tornou a sair e a esposa abriu pressurosamente a porta do armário, o amante, sufocado e atordoado pelos perfumes, exclamou:

– “Um peu de merde, madame”!