Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


01-06-2004

José Estrela Rego um amigo para sempre Julho.01.04


José Estrela Rego um amigo para sempre Julho.01.2004

"Somos missionários de ideal e de amor
"Somos missionários de ideal e de amor. Somos "FREE LANCER". A ninguém devemos contas. Só as damos à nossa consciência, e ajuizamos o que fazemos, mais pela vontade que usamos, pela decisão que nos anima, pelo progresso para as metas que criamos e que vamos sempre colocando mais longe, exigindo mais de nós. Não se olha ao caminho percorrido, às dificuldades ultrapassadas, e simplesmente ao que falta percorrer. Não se pode olhar para traz, porque isso traz-nos o cansaço. Assim, é no futuro, é no que nos é pedido pela nossa consciência que devemos fixar o nosso olhar. É em frente. Os ideais é que fazem a criação do Mundo que queremos deixar melhor sempre com ajudas, mas não contemos com elas. Lá iremos descobrir adesões como a do jovem NSUNGU CASTELO KAMUCOTELO, ajudas como a do Delegado da Direcção Regional de Turismo ( o meu parente e amigo Com. Carlos Teixeira da Silva) e a do Dr. Luís Rocha, que foi carregado para o Rio de Janeiro com um peso grande, para servir, sem ver a quem.

Temos que estar sempre atentos, generosos e com imaginação a trabalhar, e, isto não lhe falta!!!
Um abraço azórico do JER, Novembro 06, 2000"

O adeus merecido ao dr. Estrela Rego

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Respeitado pelos seus pares a todos os níveis, Estrela Rego é uma das figuras mais marcantes do século XX em Ponta Delgada, especialmente no campo da Saúde, mas também muito influente em diversas outras áreas, da cultura à política. Contudo, é unanimemente reconhecido que a sua "grande" obra é o novo Hospital do Divino Espírito Santo, de Ponta Delgada.
Formado em medicina pela Universidade de Coimbra, onde foi professor assistente, José Estrela Rego fez parte da equipa que implantou o serviço materno infantil em São Miguel e foi ele quem convenceu o Governo Regional, na década de 1980, da necessidade da construção de um novo Hospital. É nesse sentido que consegue mesmo a vinda a S. Miguel de um grupo de projectistas suecos, que viria a realizar o projecto, muito antes de ser dada ordem para a sua construção. E, bem ao seu timbre, fez questão que S. Miguel tivesse do que de melhor podia haver nesse domínio.
Mas a sua acção não se limita a uma mera presença institucional. Bem pelo contrário, Estrela Rego não perdia uma oportunidade para influenciar os jovens, quer fosse para seguirem o curso de medicina, quer ainda mais para que escolhessem especialidades que não existiam na ilha e, coisa não menos difícil, convencê-los a regressarem à terra natal.
Rui San-Bento, então jovem recém licenciado, foi um dos seus alvos. "A mim, tentou-me de todas as maneiras para que me especializasse em Anatomia Patológica, e só não o conseguiu, porque eu tinha já bem definida outra escolha; mas não perdia uma oportunidade; era uma pessoa absolutamente fabulosa, uma pessoa incrível", diz.
Com Rui San-Bento, Estrela Rego não conseguiu os seus propósitos, mas exemplos de outros sucessos multiplicam-se: a escolha da dra. Ana Quental por Dermatologia deve-se em grande parte à acção de Estrela Rego, assim como Gastroentologia para a dra. Maria Antónia Duarte, Anatomia Patológica para o dr. Victor Carneiro, enfim, a lista não termina por aqui.
A sua influência foi muito forte também ao nível do seu próprio estilo. "A sua persistência para agarrar as pessoas para a causa da Saúde, mesmo a sua insistência, é algo que tem vindo cada vez mais a ser imitado - e reconheço que também eu próprio já adoptei esse estilo", refere Rui San-Bento.
Estrela Rego foi membro do Conselho de Gerência do Hospital de Ponta Delgada entre 1982 e 1990, tendo sido seu presidente entre 1985 e 1990. Mas, de novo, não é fácil falar dele sem abordar a sua forte faceta social. Gustavo Moura, por exemplo, destaca a sua acção ao nível da solidariedade social praticamente desde que se formou, trabalhando gratuitamente para a Cruz Vermelha, para a Assistência Nacional aos Tuberculosos e para a Associação dos Socorros Mútuos. Tanta actividade viria a ser-lhe reconhecida pelos Rotários, que em 2003 o distinguiram como "Profissional do Ano", sublinhando o "reconhecimento do valor da sua carreira profissional que se traduziu em serviços relevantes prestados à comunidade de S. Miguel e dos Açores".
No entanto, não é apenas na área da Saúde que Estrela Rego se destaca. Profundo conhecedor da realidade e da história dos Açores, e descendente de uma família de autonomistas, cedo interveio em prol das ilhas. Rubens Pavão não se coíbe em afirmar que ele "sempre foi um forte defensor da livre administração dos Açores pelos açorianos, e foi sempre, claramente, um açoriano de gema".
Foi influente também na política autárquica, como membro do conselho municipal de Ponta Delgada, nas décadas de 1960 e 1970. Com os sinais de abertura por parte de Marcelo Caetano, filia-se na SEDES, a Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, onde se inscrevem muitos dos que foram, depois do 25 de Abril, principais protagonistas do regime democrático.
Foi membro da Acção Nacional Popular e, como lembra Rubens Pavão, "sempre pugnou pela defesa dos grandes interesses dos Açores". Nunca quis ser deputado ou exercer outros cargos políticos, mas chegou a ser indicado para Governador Civil, após a saída do Coronel Basílio Seguro, um dos últimos a ocupar esse cargo em Ponta Delgada. Com o advento da Autonomia Político-Administrativa dos Açores, teve forte influência na criação do primeiro Governo Regional.
Nos últimos anos exerceu o cargo de presidente do Instituto Cultural de Ponta Delgada, onde fez publicar dezenas de obras de temática açoriana.
Destaca-se ainda a sua postura social, na sequência do Concílio do Vaticano II, em cujo espírito de renovação se revê. Católico progressista, sempre muito atento aos problemas sociais e políticos do seu tempo, integrou-se nos movimentos locais, fazendo parte do início das "equipas de Casais de Nossa Senhora", tendo promovido inúmeros encontros para dinamizar o movimento.
Apesar de sofrer de doença prolongada, José Estrela Rego manteve-se firme até ao fim, não apenas nas suas convicções, mas também dedicando-se às coisas de que mais gostava. Uma das últimas pesquisas que estava a realizar relacionava-se com a presença em Ponta Delgada, em 1948, de uma professora belga, filha de um cientista de renome na época, que ele sabia ter sido referenciada numa das edições do "Diário dos Açores", tendo então pedido a Rubens Pavão que lhe arranjasse uma fotocópia desse artigo - que lhe foi entregue esta semana.
O corpo de José Estrela Rego está em câmara ardente na Ermida de Sant'Ana, onde vai ser hoje celebrada missa pelas 12h30, seguindo depois em cortejo para Cemitério de S. Joaquim, onde vai ser sepultado.

Homenagem em 18 de Maio de 1998



... um Homem que sempre se preocupou com o ser e não com o ter
"do discurso do Dr. Carlos Ribeiro, Bastonário da Ordem dos Médicos

Teve lugar hoje, dia 18 de Maio de 1998, uma justa e merecida homenagem ao ilustre Açoriano e distinto Médico Dr. José Paim de Bruges Silveira Estrela Rego.
Este evento teve lugar e coincidiu com a inauguração da nova sede da delegação local da Ordem dos Médicos, sita à Avenida Antero de Quental 17, e contou com a presença das mais altas autoridades locais e regionais, nomeadamente o Ministro da República para os Açores, o Presidente do Governo Regional, o Bispo de Angra e Ilhas dos Açores, o Secretário Regional da Educação, Assuntos Sociais e Administração Interna, o Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, o Bastonário da Ordem dos Médicos entre muitas outras individualidades e uma imensidão de colegas, amigos e familiares, que encheram, por completo, o recinto nobre daquela nova sede, e exteriores.
No discurso que proferiu, o distinto homenageado com a Medalha de Mérito relatou, de forma sentida, o seu percurso profissional como médico e não só, pois também desempenhou cargos de elevada responsabilidade política, social e cultural, acumulando actualmente, com a medicina privada que continua a exercer, também a Presidência do Instituto Cultural de Ponta Delgada. No final, e como lhe é tão característico, agradeceu profundamente toda a sua família pelo apoio, compreensão e carinho que tanto ânimo trouxeram à sua brilhante carreira.
O Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Carlos Ribeiro, para além de realçar as enormes virtudes humanas e profissionais do homenageado, descreveu, em poucas palavras, quem de facto é Estrela Rego, quando afirmou "... um homem que sempre se preocupou com o ser e não com o ter ... e que deve servir de exemplo para as gerações actuais e vindouras".
Na minha modesta opinião, acrescentaria apenas que este nosso distinto colega "... para além do ser, também sempre se preocupou com o saber" aderindo, de corpo e alma, ás novas tecnologias de informação que nos permitiram o privilégio da sua presença nesta lista de mail.

A palavra do leitor sobre a Homenagem



Caro Dr. José Estrela Rego os meus sinceros parabéns e um grande abraço! Fernando
Fernando P. Cabral <F280Z@aol.com>
East Providence, RI USA -


Exmo. Senhor DR. ESTRELA REGO Justíssima a homenagem de que V. Exa. foi alvo. Desde muito novo que passei a admirar o seu posicionamento como Homem, como Médico, e como verdadeiramente Açoriano. Aqui de longe, desde Canadá imenso, envio-lhe um grande abraço, e o meu modestíssimo preito pela sua grandiosa Obra. Respeitosamente Manuel de Oliveira Neto
Manuel de Oliveira Neto <azorean@echo-on.net>
Mississauga, Ontario Canada - Saturday, May 30, 1998 at 10:41:04 (EDT)

 

Dear Doctor Jose Estrela Rego, My sincere congratulations for your joust homage. I remember very well your personal as well as profissional qualities, before leaving to the States. All the best to you and all your Family. John Martins
John Martins <
john9867@hotmail.com>
Boston, MA USA - Thursday, May 28, 1998 at 17:14:19 (EDT)


Saudoso conterrâneo: Embora tarde, desejo juntar-me à lista daqueles que o admiram. Quando era pequeno fui reparado de uma avaria pelo exmo. amigo. O dr. sempre foi alvo da minha admiração, pela pessoa que é e pelo desempenho da sua profissão. Quero enviar-lhe um "fuseiro" abraço, com os meus sinceros parabéns. Esta homenagem, embora tardia, foi justíssima. Parabéns!!!
Alfredo da Ponte
USA - Monday, May 25, 1998 at 00:11:19 (EDT)


Caro vizinho e respeitado amigo É certamente um momento especial ver reconhecida publicamente uma atitude profissional, uma vocação e uma carreira. O cidadão ainda tem muito a dizer... Um abraço do pessoal cá de casa. Longa vida e felicidades República das Calhetas
Carlos de Bulhão Pato <carlos.pato@virtualazores.com>
Ribeira Grande, Portugal - Sunday, May 24, 1998 at 18:07:39 (EDT)


Caro Dr.Estrela Rego, Com um apertado abraço, aceite as minhas felicitações pela justissima homenagem que lhe foi prestada, Vasconcellos
Clemente Vasconcellos <clem@mail.telepac.pt>
Ponta Delgada, Açores Portugal - Friday, May 22, 1998 at 19:01:58 (EDT)


Caríssimo Dr.Estrela Rego: Tive o privilégio de o conhecer em Coimbra e recordo a forma afável e amiga como sempre me tratou, apesar de caloiro. Recordo também a sua forma de envolvimento humano como médico de minha mãe, que depois me contava: fui à consulta do Dr. Estrela Rego e ele perguntou-me por ti. Não me espanta, pois, esta honenagem, de que tomei conhecimento agora através deste espantoso meio. Desejo associar-me aos que justamente o homenageiam e enviar-lhe o meu abraço, com toda a minha amizade Luís Quental
Luís Quental <lquental@hotmail.com>
Porto, Portugal - Friday, May 22, 1998 at 18:14:42 (EDT)

 

Sempre atrasada, mas nem por isso menos contente com a homenagem feita a um X cujas intervenções nesta lista bem provam que a merece, apoio a boleia do Arcencio. Parabéns

Estrela Rego, e um grande abraço - atrasado, mas sincero! Diana
Diana Andringa <andringa@mail.telepac.pt>
Lisboa, Portugal - Friday, May 22, 1998 at 04:15:02 (EDT)

Peço desculpa de não ter respondido atempadamente a este evento deveras significativo, mas, como todos devem saber, estive ausente do meu computador, durante alguns dias. Antes de tudo o mais, parabéns!... Parabéns ao médico e parabéns à pessoa, porque aquilo que se vislumbra nesta condecoração da ordem dos médicos é o prémio de várias vertentes de uma carreira dedicada. Compreendo como de deves sentir emocionado por esta justa homenagem que é partilhada e engrandece todo o mundo X. Mais uma vez, recebe um abraço e os mais sinceros parabéns de quem se sente lisonjeado por ter amigos assim. Henrique Jorge
Henrique Jorge <henrique@mail.eunet.pt>
Ponta Delgada, Portugal - Thursday, May 21, 1998 at 15:26:52 (EDT)

José Estrela Rego escreveu em  Maio, 06, 2000

 

Quem somos nós?

 

Eu sou o José Estrela Rego,

Sou avô de sete netos, pai de seis filhos (cinco do sexo feminino e um do sexo masculino, já todos adultos e casados), sou açoriano e vivo em S. Miguel.

Acredito, até pelo que tenho vivido, estudado, lido e meditado, que o povo mais parecido com o português, quer se queira quer não, é o brasileiro, embora este seja mais virado para o exterior, mais comunicativo e alegre. O futuro do Mundo Lusíada está no futuro que o Brasil vier a conseguir. Acredito na sua grandeza, em especial se deixarem de criticismo constante do passado que se herda sem escolha. A crítica do passado assemelha-se, em geral, a deitar água sobre o molhado, enfraquecendo o ânimo nas lutas do presente com  olhos no futuro. A discussão estéril do passado pode tornar-se num pretenso álibi de quem nada quer fazer.

Também, com as mais cordiais saudações lusófonas JER

 

Em 26 de Maio de 2001 escreveu

 

Qual o significado do brasão açoriano?

 

A Região Autónoma dos Açores é constituída por nove Ilhas, diversas no tamanho, peso económico, e, até, em certos aspectos culturais que se revelam pelos costumes dos habitantes das mesmas Ilhas, desde que chegaram os seus primeiros habitantes, vindos de diversos locais.

Há uma Ilha, que se chama Ilha Terceira, que sofreu uma forte influência dos espanhóis durante o reinado dos  três Reis Filipe, que se sucederam, e que foram também Reis de Espanha (1580 a 1640). Quem pelos Açores passe, detendo-se na observação dos usos, costumes (modus vivendi), das predilecções culturais e até da pronúncia, verificará a referida influência espanhola na Ilha terceira, como também na Ilha Graciosa, mas menos acentuada. Entre as marcas da influência espanhola destaca-se a paixão tauromáquica, que é de admitir  que, já antes, tenha sido trazida para Terceira por povoadores provenientes da Região do Ribatejo.

O reconhecimento e aceitação da soberania de Filipe !! de Espanha como Filipe I Rei de Portugal, não foi automática nem pacífica, em especial na Ilha Terceira, justamente. Na Ilha Terceira, D. António, Prior do Crato, havia sido proclamado Rei de Portugal, quando a França em especial, procurava deste modo contrariar o crescimento da hegemonia de Madrid. E houve batalhas, muito violentas, entre as armadas francesa e espanhola, que vieram determinar o futuro do equilíbrio entre os espanhóis e os seus rivais europeus  O domínio filipino na Ilha Terceira, dominada pelos defensores de D. António, foi conseguido à custa de muitas vidas. Nesta luta pelos Açores, e concretamente, na invasão militar para dominar a Terceira, os espanhóis sofreram muitas baixas. Os terceirenses, à sua bravura e determinação, numa luta em que os vencidos seriam, de  certo, passados a fio de espada,  juntaram à sua postura heróica, uma iniciativa que foi determinante: - sobre os invasores, cansados pela viagem atlântica, ainda mal consolidados em terra firme,  lançaram os seus touros bravos, que provocaram a debandada dos invasores e consequentemente, a sua grande fragilidade sob o fogo das armas dos que faziam a defesa da Ilha e a sua morte por afogamento nas águas do Oceano.

 Os toiros ficaram ligados à glória dos açorianos da Terceira e à memória do heroísmo dos que resistiram aos espanhóis..

Após o 25 de Abril de 1974, em Junho de 1975, concretamente em 6 de Junho de 1975, uma manifestação dos lavradores da Ilha de S. Miguel, contra as opressões, que vinham, em especial, desde o tempo do Marquês de Pombal, num crescendo asfixiante, teve a adesão espontânea de milhares e milhares de micaelenses de toda a Ilha, de todas as profissões e condições sociais, que provocou a demissão do Governador nomeado por Lisboa. Enfim, na sequência destes factos, conseguiu-se um caminho rápido para conseguir a secular exigência da Autonomia política e administrativa, "os açorianos governados democraticamente por açorianos" , a demolição das barreiras alfandegárias entre as Ilhas entre si e entre estas e o continente,  a livre circulação de pessoas e mercadorias, o Governo e a Assembleia Legislativa Regionais, hino próprio e Bandeira.

A presença  dos dois toiros nas "armas da Região", foi uma satisfação para os terceirenses, numa altura em que havia de tentar-se a adesão de todos os açorianos a uma nova realidade política e administrativa, a Região Autónoma dos Açores, apagando por uma só vez, possíveis sonhos hegemónicos de uma Ilha, sonhos de  dois séculos. 

Por outro lado, o animal que parece ter asas é o símbolo heráldico da Região: - um Açor estilizado para o fim em vista  

Com o conhecimento do que acabo de informar se compreende a razão dos touros no Brasão da Região Autónoma dos Açores. Deste modo, mesmo para quem não goste esteticamente do touros no Brasão, este, é digno de respeito.

Com grande amizade um abraço azórico do JER 

                   

Em Setembro 20, 2000  escreveu

 

Paixões libidinosas dos portugueses no contacto com o Brasil luxuriante

 

Um testemunho de 1956 que me recorda as paixões libidinosas dos portugueses no seu contacto com o Brasil luxuriante, quente, viçoso e com o seu povo natural, doce, de ternura  espontânea, que lhes entraram no coração e no cérebro.
No séc. XVIII, o Marques de Pombal foi alertado para o que se estava a dar na Ilha de S. Miguel. Se não fossem tomadas medidas especiais, dentro de pouco tempo teria que vir a ser repovoada, pois o êxodo para as Terras do Brasil, cada vez mais se acentuava, com o número progressivamente crescente de jovens que se metiam em todas as embarcações que por aqui passavam (e que eram todas) a caminho do Brasil, para nunca mais voltarem. Era uma sedução indescritível, levados pelo imaginário originado nas histórias cheias de saudade dos que se diziam arrependidos de ter voltado, lá deixando as mulheres, que eram simples e "daimosas" de si,  em contraste com as micaelenses todas pudicas (?) e embiucadas ( como aqui ainda se ouve).
Por isto o Marques criou os passaportes que, em especial de início, travou muito essa  tendência crescente de partida. Já havia fome, porque não havia quem cultivasse as terras e que fosse ao mar pescar. Para os mais diversos misteres não havia ninguém. Compreendo o Marques, compreendo os que não podiam embarcar e que cá tinham que ficar sem que houvesse alguém para continuar a vida, mas, também compreendo essa tal sedução que nos ligou ao Brasil, durante séculos. Inicialmente foi para o Maranhão, depois para a região de S. Paulo, que ajudaram a fundar,  para Minas e finalmente para Santa Catarina juntamente com os destinos habituais e com destinos ocasionais.
Senti um certo impulso para fazer este eco. Perdoem-me. Um abraço azórico JER

Em Agosto 25, 2001  comentou

 

Que fazer d´ Os Lusíadas e com o ensino em Portugal?

 

As coisas vão melhorando mas a passo de caracol. A revolução do 25 de Abril
fez-se sem um tiro, mas tenho perguntado a mim próprio se terá sido o melhor
caminho, já que a defecção foi a tónica dominante e todos os valores foram
arrumados, ficaram escondidos. Nem sempre os valores, os ideais e os
projectos de futuro nacional morreram, mas a vida da sociedade passou a
dar-se como se não existissem, ao acaso do dia a dia. O sentimento de
identidade nacional, e até, individual, foi escamoteado da vida vivida, e
isto se reflectiu na língua, na História, na Cultura...Vivemos uma época de
recuperação, mas, ainda não com o assentimento e compromisso de todos, ou
pelo menos, da maioria e em especial da melhoria. Num país que perdeu
elites e "leaders", de que modo se imporão prováveis melhorias ante as
maiorias, que tem sido correias de transmissão dos interesses e lutas de
partidos e agrupamentos para conquistar o poder, para o  conservar  uma vez
assumido?
A História que estudávamos nos liceus estava cheia de aspectos discutíveis
para alguns, negativos e falsos para outros, de lacunas, etc., mas,  hoje,
sente-se a falta que fez, e está a fazer, no seu todo, porque passou a
aceitar-se melhor e passivamente o seu desconhecimento, a sua ausência, que
a reformulação do seu estudo.
Com a Língua, o seu estudo, a sua cultura, deu-se uma série de ocorrências
semelhantes às vividas pelo estudo da História, que se reflectem  nos níveis
de conhecimento de Português. Fala-se até em crise de ensino, porque  o mal
atinge a Matemática, as ciências Físico-Químicas e Naturais e as restantes
matérias curriculares dos nossos programas.
Dizia-se que o acesso ao estudo universitário era elitista e que deveria
estar aberto, e bem, a todos. Simplesmente, em vez de se apurarem os
critérios de rigor, de maneira a que os candidatos à Universidade tivessem
bom nível de conhecimento e de treino das suas capacidades necessárias,
pretendeu-se que houvesse uma massificação universitária mas nivelando por
baixo as exigências, a que chamaram democratização do acesso. Deixou de se
saber qual o mínimo exigível de conhecimentos para o ingresso
universitário... e ainda estamos nisto. Não foi há mais de 2 ou 3 anos que
um Prof. de matemática do 11º ano descobriu que vários alunos seus eram
incapazes de fazer muito simples cálculos mentais para responder a problemas
facílimos, simplesmente porque não sabiam tabuada.- E esta?
Isto veio a propósito do que me fizeste ruminar com a tua mensagem.

Dizes que <<Os portugueses agora são europeus!>>. Respondo-te: não são,
dificilmente serão e isso será daqui a muitos anos .. Isto é o ponto de
vista de um cidadão do Mundo que vive num farol de observação localizado
nuns penhascos que se elevam acima do nível das águas do mar em pleno
Atlântico profundo. Nós, como os irmãos brasileiros, somos um traço de união
de todos os Povos,  sem subordinação geográfica porque somo universalistas.
A primeira e grande globalização foi concretizada pelos portugueses...sem a
desumanidade que agora se experimenta.
Deste tema para um bom bate papo que seria um engraçada "brain storming" sem possibilidade de passar a papel "ab initio".
A problemática complexa dos Açores foi sempre motivo de reflexão em
conversas de família com os meus Pais, entre si, com o filho sempre atento e
disponível, com amigos e familiares que nutriam as mesmas vontades de
respostas. Assim fui crescendo para a vida e para o Mundo, com os Açores,
suas gentes e Ilhas, no coração e pensamento. Pelas circunstâncias
determinadas com a formação profissional, andei por vários sítios e para
regressar a S. Miguel, encontrei a oposição de amigos e convivas que se
esforçavam por ver-me a fixar-me lá longe, onde eu estava. Regressei sempre
e acabei por aqui fixar-me. Um a um, passaram a ir a minha casa, aos Sábados
de 15 em 15 dias, amigos para "conversarmos". Nunca se falou do que era
habitual ouvir-se por todos os lados. Os nossos temas não eram os
escândalos, os factos ocasionais, a má-língua, o futebol. Discutia-se o
desenvolvimento sustentado dos Açores (S. Miguel), o nosso atraso
relativamente ao Mundo civilizado, os problemas do isolamento insular, a
aspiração de emigrar como forma de realização e de não morrer, os problemas
do acesso ao ensino e saídas profissionais, a luta pela igualdade de
direitos e obrigações perante o País dos Açorianos versus continentais, o
desejo de transformar as nossas Ilhas de modo a entusiasmar a fixação
proveitosa dos seus autóctones e de valores que não fossem nativos dos
Açores, isto é, passar os Açores a serem Terras de acolhimento que fizessem
aspiração em vez de continuarem a ser repulsivas até para os aborígenes.
Que os Açores fossem uma Terra em que desse gosto viver... por todos os
motivos, sem que aqui se estivesse sujeito a um imposto de insularidade, de
isolamento, arcando com todas as consequências de sermos, os Açorianos, os
fiéis guardiães destes penhascos que se fossem ocupados por outros, iriam
por em risco a própria independência portuguesa. Nessa altura, nessas
reuniões de amigos, que duravam até às tantas da manhã, à saída sabíamos o
que se havia debatido, mas em geral, não havia temas escolhidos, além
daqueles que eram o início de todo o serão. Que noites ricas! O número ideal
eram 5 elementos. Não havia outro limite que o nosso cansaço, havia inteira
disponibilidade.
Recordei isto porque penso que seria riquíssimo eu poder  convidar-te, o
Abdul, o Lemos, o João Xavier e a Susana para começo...
Caríssima Margarida, desculpa-me ter sido longo. Um abraço amigo do JER

 

Margarida escreveu e  JER comentou  em Abril, 04, 2002

Biblioteca Lusófona: patrimônio histórico e cultural comum com outros povos

 

Recebi do Centro Nacional de cultura www.cnc.pt um livro que registra a presença de um patrimônio histórico e cultural comum entre Portugal e a Indonésia.

  

O Livro se chama:  Portugal e o mundo O futuro do Passado   Indonésia

 

Texto de : António Pinto da França e José Manuel Garcia

171 páginas em português e outras tanto em inglês.

Fevereiro de 2002

 

Edição do Centro Nacional de Cultura com o apoio da Ag6encia Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento e do Banco de Portugal

 

 Um patrimônio comum rico e quase ignorado.

  

Vou-vos dar um simples exemplo: a presença da língua portuguesa na língua indonésia

 

Armada/Armada

Armário/Lemari

Avental/Bantal

Baluarte/Baluarti

Banco/bangku

Bandeira/Bandera

Bola/Bola

Boneca/Boneka

Dado/Dadu

Escola/Sekolah

Roda/Roda

sabão/sabun

  

São centenas de palavras de origem portuguesa que ainda se dizem.

 

E mais ainda: na megapolis de uns doze  milhões de habitantes que é Jacarta, encontra-se uma das principais  jóias da presença portuguesa na Indonésia: o padrão que foi colocado em 1522 junto da Costa desta cidade , que então era denominada Sunda Calapa. Tal monumento, com cerca de 700 kg de peso e 1 m e 98 cm de altura, e entre 42 e 35 cm de largura e espessura, marcava a localização onde os portugueses pretendiam erguer uma fortaleza, cuja autorização havia sido concedida mediante um tratado ali assinado por Henrique Leme em 21 de Agosto do referido ano.  

 

E José Estrela Rego responde

Caríssima

Não poderás calcular a alegria que tiveste a oportunidade de me dar com a notícia deste livro, com o seu conteúdo que vem trazer verdades históricas à luz do dia, neste mundo de hoje. A primeira vez que tive conhecimento disto que agora vem a público, foi por uma das novelas de Sommerset Maugham que li na adolescência. Posteriormente, ouvi a um antigo missionário açoriano que chegou a Bispo de Dili (Timor), que nas línguas da indonésia havia mais reminiscências da Portuguesa que da holandesa, falada pelos colonizadores que nos sucederam e por muitos anos mais que os portugueses.

Tenho aproveitado agora, que estou reformado das minhas funções públicas e em que dou ao consultório privado uma permanência de cerca de um quinto da que dava anteriormente, um certo tempo livre do disponível, para procurar actualizar os meus conhecimentos e dar satisfação ao meu interesse, com a leitura de uma pequena parte dos livros que agora aparecem e que trazem a público quanta investigação arquivística contemporânea se tem feito.

Neste campo, a investigação  de historiadores do Brasil tem sido notável. Cada vez me admiro mais com a História dos Portugueses e muito lastimo as opiniões apaixonadas de quem pouco sabe...

Bem haja Margarida.

Um abraço azórico do JER

 

Eduarda Fagundes, em Fevereiro, 26, 2002, escreve sobre D. João VI e José Estrela Rego responde  depois

 

Eduarda contou:

Um pouco de história . Falemos de D. João VI

Segundo Oliveira Lima , historiador de renome, 

"D.JOÃO VI não foi o que poderia chamar um grande soberano, de quem seria lícito referir brilhantes proezas militares ou golpes audaciosos de administração . Não foi um Frederico II  da Prussia nem um Pedro I da Rússia. O que fez , o conseguiu, e afinal não foi pouco, fê-lo e conseguiu-o no entanto pelo exercício combinado de dois predicados que cada um denota superioridade:

- um de caráter- a bondade, o outro

- de inteligência- o senso prático ou de governo.

Foi brando e sagaz, insinuante e precavido, afável e pertinaz.

Eram inegáveis as qualidades espirituais, como o amor da música ( que é apurado e tradicional na família Bragança )e a marcada predileção pelo Brasil"

A vinda, para o Brasil, da coroa de Portugal, não foi repentina. Ela foi refletida, avaliada e aconselhada . E por D. João VI devidamente seguida. Fato este que propiciou ao Brasil o inicio da sua nacionalidade e o desejo de independência.

 

Ref. Bibliográfica: D. JOÃO VI no Brasil ( Oliveira Lima)

 

E José Estrela Rego responde :  Quantos milhares de Portugueses ilustres acompanharam a Casa Real levando ricos e antigos espólios? E os arquivos históricos que acompanharam a casa Real? A primeira tipografia para impressão de jornais julgo que já teria sido encomendada pensando-se em leva-la para o Brasil. Tenho pesar de agora não poder transcrever muita documentação que tenho dispersa aqui em casa, mas estou mesmo sem tempo disponível.

Um abraço  JER

 

José Estrela Rego escreve em  Maio, 23, 2002

António Medeiros de Almeida deixou uma Fundação e era de origem açoriana

 

O Dr.Silvestre de Almeida, foi um Médico notável do fim do séc. XIX e começo do séc. XX, micaelense e natural da Ribeirinha, freguesia junto à cidade da Ribeira Grande que na altura era ainda Vila. Aqui em S. Miguel foi Médico muito bem sucedido da Família Bensaúde, que admirava as qualidades humanas e de discreto tracto, além da sua sabedoria, inteligência, espírito crítico na avaliação das pessoas e das situações, postas em relevo na crescente confiança que foi somando junto dos Bensaúde, rapidamente alcandorando-o a confidente e conselheiro habitual na observação dos elementos da rica sociedade humana de S. Miguel e nas muitas decisões  em negócios. Em dado momento a família Bensaúde instou com ele para que se transferisse para Lisboa onde lhes iria dar um precioso auxílio, semelhante ao que vinha dando em . Miguel. O Dr. Silvestre de Almeida foi o mais próximo amigo de confiança da família Bensaúde. Teve dois filhos. Um, chamado Gustavo (Dr. Gustavo de Almeida), foi Médico Otorrinolaringologista, afamadíssimo, que após a formatura em Medicina em Lisboa, sob a orientação e influência dos Bensaúde rumou aos Estados Unidos, onde tirou a especialidade nos melhores Hospitais. Fixou-se depois em Lisboa, com clínica muito boa e veio a falecer ainda novo. O outro filho do Dr. Silvestre, chamado António (António de Medeiros e Almeida), nunca teve preocupações intelectuais nem quis ingressar em curso superior. Era muito inteligente e tinha uma muito especial argúcia para os negócios, com visão larga e profunda e espírito muito rápido de decisão que o fazia ultrapassar qualquer concorrente. Casou  com uma senhora da família Pinto Basto, das mais distintas e conhecidas de Lisboa. Não tiveram filhos, mas uma sobrinha da senhora, Madalena Pinto Bastos foi para o casal como se fora filha, em companhia e amizade. Logo após a guerra de 1939/45, o parque automóvel de Portugal, como o de toda a Europa, estava em nada, pela velhice e pelo mau uso que a falta da gasolina provocou fazendo adaptações nos motores para funcionarem com gaz pobre. O País que na Europa foi mais célere na indústria de automóveis ligeiros e pequenos foi a Inglaterra com os seus Morris, Austin, Hilman. Medeiros e Almeida tinha fundado uma firma comercial sob o nome de "A.M.d'Almeida"que foi a representante para Portugal destes auro móveis, que tiveram óptima aceitação, conseguindo vender continuamente milhares de unidades durante muito e muito tempo, o que fez que os automóveis Nash, Stubaker, Willis, Plimouth, Dodge, Pontiac, Oldsmobile, Ford e outros com  que os americanos se tinham preparado para encher o mundo nesse mercado tão carenciado de viaturas,  não tivessem mais que uma vestigial presença. Por outro lado, a amizade da Família Bensaúde e António de Medeiros Almeida continuou forte e acabou o Senhor António Medeiros de Almeida de ser o faz tudo e tudo pode nas importantíssimas firmas Bensaúde, por procuração muito especial do Senhor Vasco Bensaúde, o que se manteve até à morte do Snr Vasco Bensaúde. Por outro lado,  a D. Madalena Pinto Basto, sobrinha e afilhada do casal Medeiros Almeida casou com o Senhor Filipe Bensaúde, sucessor do seu Pai Vasco...O casal Medeiros Almeida tinha uma grande devoção pelo Senhor Santo Cristo dos Milagres, contribuindo com muitos haveres para o Santuário.

O Sr. Almeida foi um grande coleccionador de peças artísticas e por isto decidiram (o casal) criar uma Fundação que é a depositária de todo aquele rico e vasto espólio artístico, com a notável fortuna com que vieram a falecer, perpetuando o seu nome através da Fundação.

Não sei mais, e se o teu tempo pode te escassear para ler aquilo que te escrevo, o meu também escasseia  para escrever, já que gosto, mesmo em forma de sumário ir dando uma ideia das coisas que me solicitam.

Um abração, mas azórico do JER

 

Em Dezembro 11, 2000 Margarida Castro escreveu e José Estrela Rego respondeu depois

Memoria da diáspora - Uberaba deve a Hildebrando Pontes

 

Amigos dos contadores de historias,

 

Mais uma revelação das terras de Uberaba em Minas Gerais, Brasil.

 

Aqui ,um homem chamado Hildebrando Pontes, alguém que amava estas terras, reuniu numa pesquisa fabulosa, o que ele conseguiu sobre as famílias pioneiras de Uberaba .Duas paginas de nomes portugueses foram anotados. Tem também o registro de outras origens mas a portuguesa é quatro vezes superior ou mais.

 

O trabalho de Hildebrando Pontes não foi publicado na época. O estudo dele foi feito de 1900 a 1934.Mas foi o historiador, escritor, advogado, editor da Revista Dimensão naquela época editor do Jornal Correio Católico, Guido Bilharinho, mais o Advogado Edson Prata que era naquela época Presidente da Academia de Letras que publicaram o livro em 1970.

só de nomes portugueses começados por A ,são quase cinquenta. E vai ate Z ,Zeferino , Zito! Aos poucos eu vou aprendendo a historia de Uberaba, porque o Guido Bilharinho me passa fotocopias dos livros e também os jornais que dão noticia dos países de língua portuguesa.

 

O Guido Bilharinho (de origem galega) é a pessoa que me está incentivando a resgatar a herança portuguesa, tão ignorada .

Na opinião do Bilharinho "a culpa é dos portugueses e seus descendentes, o terem deixado morrer a memoria lusa" .Mas eu imagino que exista outra explicação para tudo isto. A falta de apoio da Pátria Madrasta, a verdade sobre a origem desse povo sofridíssimo (muitos trabalhavam como escravos, que o digam os açorianos) e a tendência que existe por aqui para ridicularizar a simplicidade dos cidadãos portugueses. E então os descendentes preferiram esconder suas origens. só que agora a situação mudou. O Brasil começa a respeitar Portugal . A revolução de 25 de Abril contribuiu para esta mudança e também porque Portugal está conseguindo uma presença no Brasil mais destacada. E hoje as informa coes sempre chegam mais rápido aqui e lá. E isto tornou mais transparente a realidade lusitana. Agora piorou muito foi o conceito sobra a Africa no Brasil. E, então, talvez comece a haver complexos, de se falar destas origens tão pobrezinhas! Este tema também me interessa muito. não podemos ignorar as raízes africanas do Brasil!

 

E voltando à presença portuguesa, lembro que a maioria dos que trabalhavam nos Caminhos de Ferro da Mogiana, eram portugueses. A Mogiana desbravou e fez progredir o Brasil Central? ! Então como se pode admitir que em Uberaba  se diga que os portugueses não deixaram nada, a não ser o hospital da Beneficência Portuguesa? 

 

Reconheço que a historia não pode ser só contada do ponto de vista dos vencedores. Precisamos de pensar nisto. Então há que sempre lembrar que o Brasil deve muito a vários povos. E que os portugueses na maioria eram gente humilde e sofrida. Por isto que foram e são humilhados. Assim como os negros e os índios. As raças fundadoras do Brasil foram os índios, os negros e os portugueses.

 

E é neste contexto que somos  ou seremos contadores de historias.

 

Atenção contadores de Historias, me ajudem a contar esta historia.

 E ainda deixo aqui registrado que os caminhos de ferro da Mogiana foram inaugurados em 1889. O discurso oficial da inauguração foi feito por António Borges Sampaio, português, primeiro historiador da região e com prestigio nacional. A cerimonia contou com a presença do Conde D' EU, marido da princesa Isabel, que era a filha de D. Pedro II.O Conde D' EU esteve varias vezes em Uberaba e ficou impressionado com o fato de António Borges Sampaio ter instalado uma estacão com aparelhos para medir o tempo. A primeira que por aqui existiu. Em Uberaba poucos sabem quem foi António Borges Sampaio e a única rua que tem o nome dele, é secundaria ,chama-se Coronel António Sampaio!

 Saudações, Margarida

 

José Estrela Rego  em Dezembro 11, 2000, responde

Caríssima Engenheira

Aqui em Ponta Delgada,  há um grande número de universitários que fazendo investigação para tese de Mestrado, têm trazido à luz do dia, individualidades como para Uberaba foi António Borges de Sampaio, recolhendo os seus escritos de anos na Imprensa e em livros publicados, a correspondência pelo exercício de cargos que usufruíram, correspondência particular, notícias sobre os mesmos, etc. Tem crescido imenso a informação histórica de que se dispõe actualmente, salvaram-se de se perder para todo o sempre pequenos nadas cheios de valor. A vossa Universidade não tem Departamento de História? Como aceitariam este repto?

Um abraço azórico com a muita admiração e estima do JER

 

Família José Estrela Rego  participa  em Julho,02,2004

Após um período de ausência de comunicação com os amigos da internet vimos agora informar-vos que o nosso pai e marido nos deixou no dia 1 de Julho.

Obrigado a todos pelos bons momentos que lhe proporcionaram e pela amizade que lhe dedicaram.

Até sempre.

Os filhos Isabel, Margarida, António, Beatriz, Clara e Raquel e

a mulher Conceição Estrela Rego

 

Daniel Oliveira e Cunha, uberabense, em Julho, 02,2004, expressou saudades

 

Com grande tristeza recebi hoje a notícia. O Dr. José Estrela era a nossa maior referência nos Açores, e vai fazer falta como grande difusor dessa cultura açoriana que ainda persiste no nosso meio. Também -- e sobretudo -- vai fazer falta pelo seu evidente caráter de homem aberto ao diálogo e generoso. Lamento ainda mais por não o ter conhecido pessoalmente. Certamente aprenderia algo que ainda não conheço como gostaria de conhecer -- o que é ser profunda e arraigadamente açoriano.

 

José Rebelo,  Porto Portugal, em Julho, 02,2004

 

José Gonçalo Paim de Bruges da Silveira Estrela Rego

 

Que descanse em paz junto de Deus.

Foi um bom amigo, sempre interessado pela cultura, saboreando a vida com muito humor e contando muitas histórias da vida real, dos acontecimentos dos últimos 30 anos e dos seus (e meus) antepassados. Foi bom tê-lo conhecido.

José Manuel Tavares Rebelo

 

Olivia Garcia de São José do Rio Pardo, em Julho, 02,2004

 

Ficamos imensamente tristes com a notícia e enviamos à
família nosso profundo sentimento de pesar e solidariedade
pela perda de um grande homem. O mundo todo perde quando
alguém assim se vai... Eu e meus alunos, de São JOsé do Rio
Pardo, estado de São Paulo, Brasil, somos eternamente gratos
pelo tanto que o Dr. Estrela nos ajudou pela ocasião de um
projeto que realizamos sobre os Açores. Jamais o
esqueceremos.
Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda

 

João Xavier Santos , São Paulo Brasil, em Julho, 02,2004

 

Quero expressar minhas condolências e solidariedade aos familiares de nosso amigo dr. José Estrela. Que descanse em paz.
João Xavier Mendes dos Santos         -         São Paulo - SP – Brasil

 

Susana Pestana, EUA,em Julho, 07,2004

 

O Dr. Estrela Rego morreu. Sinto-me muito triste.

Cumprimentos

Susana

 

Nádia Chaia, Brasil

 

Uma companhia, um exemplo e nos ensinou muito sobre os Açores.

É uma grande perda. Sinto muito.

 

Zé Paulo, Brasil

 

O meu muito obrigado a este Senhor por um dia me ter dado a oportunidade de o conhecer, mesmo que por meio desta via virtual, não tão virtual, que é a internet.

Sei que está em bom lugar.

Zé Paulo

 

 

DOUTOR ESTRELA HOMENAGEADO PELA LUX/ELOS

Por Francisco José dos Santos Neto (Xico Xadrez) *

 

  O Doutor Estrela deixou-nos este primeiro de julho de 2004. Que saúdades. Mas, ele, com certeza, será  acolhido pelas estrelas e continuará a nos iluminar o caminho, abrindo perspectivas, com sua generosidade e

bom coração.

   Dr. José Estrela, este açoriano que acolheu Xico Xadrez durante sua estada em Portugal, faleceu. Mas, os amigos do Elos Clube de Uberaba e da Liga

Uberabense de Xadrez (LUX) jamais vão se esquecer deste médico humanista que tanto nos amava.

   Por isto, ELOS E LUX mandaram celebrar missa de sétimo dia nas Igrejas de São Domingos (Uberaba) e na Matriz da Boa Viagem (Belo Horizonte), além do minuto de silêncio, na Abertura do Memorial de Xadrez Ricardo

Goulart,que ocorreu este sábado, dia 3 de julho, na Praça Carlos Gomes.

             UM TORNEIO EMOCIONANTE

   O depoimento de Maria Margarida de Castro, que doou revistas culturais aos participantes, fundadora do Elos, em 1997, engenheira: "A falta que Doutor Estrela faz aos que acreditamos no intercâmbio entre países e comunidades de língua portuguesa, é imensurável. Com ele, aprendemos lições de cidadania, perpassadas por humanismo e espírito de desenvolvimento. A aproximação

do ilustre médico com Dr. Estrela viabilizou a ida de Xico Xadrez a Portugal e aos Açores, em 2001, em efetiva viagem de intercâmbio que nos aproximou

sobremaneira aos nossos irmãos além-mar".

   Para Xico Xadrez, "a ausência de Dr. Estrela deixa-nos elistas e enxadristas bastante triste. Nunca me esquecerei de seu decidido apoio na Ilha de São

Miguel, em Ponta Delgada, recebendo-me e acolhendo-me.

Sua presença serena na simultânea em que fiquei invicto contra 30 enxadristas. Ele foi um elo que nos ligou a outros elos desta corrente de fraternidade. O seu exemplo fica. Tudo que ele lutou, os hospitais que

construiu, as redes de solidariedade que transformaram os Açores, felizmente, chegaram a ser reconhecidos pelos seus em vida".

                   O TORNEIO

   O Memorial de Xadrez Ricardo Goulart - lembrando um jovem enxadrista que se foi tão cedo - foi mais um elo que une continentes´e ideais, através da magia do desporto.

   O campeão foi Pedro Lourenço Katayama, que é o terceiro triangulino na listagem internacional de rating da Federação Mundial. Os demais são Juliano

Resende (Uberlândia) e o próprio Xico Xadrez, atual presidente da LUX e árbitro CBX.

   O vice-campeão foi Diego Sbrissa, após vibrante desempate com Henrique Katayama, que ficou em terceiro lugar. Flávio e Leonardo vieram logo a seguir.

             OS AÇORES SEMPRE PRESENTES

   A viúva de Dr.Estrela, a querida Dona Conceição Estrela, uma baluarte, na saúde e na doença, bem como os amorosos filhos António, Beatriz, Clara, Raquel, Isabel e Margarida serão informados das homenagens que os amigos do Brasil Central e de Belo Horizonte programam para reverenciar a homenagem deste grande astro de primeira grandeza que foi o escritor, o

AÇORIANO, o  homem, o médico, o lusófono, o amigo e tantos adjetivos deste gigante, Doutor Estrela.

    Sua presença tão forte entre nós, evoca a tradicional pergunta do cristianismo: "Morte, onde está tua vitória?"

*Francisco José dos Santos Neto (Xico Xadrez)

  jornalista MTb 3201 - presidente LUX/Elos

Homenagem de Eduarda Fagundes Nunes , açoriana da Ilha do Faial, emigrante no Brasil      Resgatando as raízes

Joana de Macedo, filha do 1.o Donatário das Ilhas do Faial e Pico( Açores), o flamengo natural de Bruges, Joss Hurtere(Jorge Dutra) e da dama da corte portuguesa Beatriz de Macedo, casou em 1488 com o famoso cosmógrafo flamengo natural de Nuremberg, Martinho da Boemia( Martim Behain),construtor do polêmico Globo Terrestre de Nuremberg.

Filho de família abastada, originária da Boemia, que se estabeleceu em Nuremberg, teve educação aprimorada, sendo discípulo, dentre outros, do famoso inventor e astrônomo Regiomontano . Viajou muito como comerciante. Conheceu cidades desenvolvidas como Veneza, Anvers, Francfort, Viana, Malines.

Nas suas andanças, em conversas com amigos,  tomou conhecimento dos descobrimentos dos portugueses. Impressionado, espírito curioso, resolve ir até Portugal que a essa altura, centro da navegação do Ocidente, recebia Bartolomeu Perestrello (sogro de Colombo), Cadamosto, Américo Vespúcio, Cristóvão Colombo, e muitos outros que lá  buscavam conhecimento, renome e fortuna.

D. João II, reconhecendo os méritos de Martinho acolheu-o de bom grado e agregou-o  à célebre junta do Astrolábio, da qual faziam parte os mestres judeus Rodrigo e Juseppe). Adquire a confiança  do rei e ao que consta em documentos,acompanha Diogo Cão na sua segunda viagem de exploração pela costa africana, atingindo então o rio Zaire. Ficara o caminho das Índias um pouco mais desvendado! Desenha e registra tudo o que vê.

 Tempos depois Fernão Magalhães descobre o Estreito que levou o seu nome, observando seus valiosos trabalhos cartográficos. Torna-se amigo de Colombo, segundo nota de Herrera. Rebustece a idéia de chegar às Índias pelo Ocidente. Mas D. JoãoII  tinha fortes indícios trazidos pelos seus navegantes( o que se mostrou real mais tarde)que através da costa africana, indo para o Oriente chegaria-se às Índias.

 Em Lisboa conhece o futuro sogro, Joss Heutere. Contrata o casamento entre ele e a filha do flamengo donatário das ilhas. É o que se supõe pela idade dos noivos, ele 40 e ela 13 anos (situação que mais tarde lhe causaria dissabores matrimonias).

Casa-se em 1488 e vai morar nos Açores. Tem um filho do mesmo nome. Volta a Nuremberg em 1490 para receber a herança de sua falecida mãe. Durante a permanência na sua cidade natal executa o famoso Globo terrestre de Nuremberg, artefato recoberto de pergaminho, medindo 7,505m, baseado nos conhecimentos dos livros de Strabão, Plínio, Marco Pólo e nos novos descobrimentos portugueses na costa da África. Coloca as ilhas açorianas do Faial e Pico sob as armas flamengas da Casa dos Behain, em razão de serem seus primeiros colonos e donatário de Flandres. Conclui a sua obra em 1492 e volta para Portugal trazendo a famosa carta do doutor Hieronimus Munster para D. João II, aconselhando-o à descoberta das Índias viajando pelo Oriente, sonho de Martinho ( Martim Behain), e indicando este como o marinheiro  certo para levar a cabo tal projeto. Pretendia agora através da autoridade científica  do doutor Hieronimus e do partocínio de Maxiliano, rei dos romanos, convencer o rei português a executar o plano que D. João  sistematicamente recusava. Mas ao chegar a Lisboa, qual não foi sua decepção e mágoa ao saber que o amigo Colombo, mais feliz, já levara a efeito o seu tão acalentado e longamente meditado plano...

Resumo do texto:Joana de Macedo ( pg. 662) do livro de Marcelino Lima “FAMILIAS FAIALENSES” Subsídios para a História da Ilha do Faial”    Tipografia Insulana, 1922  Horta-Açores

 

 

Para finalizar esta singela homenagem a José Estrela Rego um amigo para sempre transcrevemos texto sobre outra grande figura dos Açores, Vitorino Nemésio, o qual, como José Estrela Rego, tinha também uma grande paixão pelo Brasil e considerava os Açores a ponte Atlântica de ligação com a América. José Estrela Rego tina a mesma crença!

Para Nemésio o Brasil era aventura, descoberta e reencontro: é o "violão de morro", com xácara, com samba, com farsa dramática, negros do cais Mauá, balada da Rua do Catete e um "inferninho" de Copacabana. Mas, também, são os romances da Baía, a barca Flor das Marés, os verídicos e espantosos sucessos do lugre Flor d'Angra, da praça do mesmo nome, na ilha Terceira, "pátria do autor", com vinte marçanos do Pará.

A influência dos Açores e dos açorianos é enorme no Brasil. Francisco do Canto, natural de Angra, filho de Pedro Anes do Canto, provedor das Armadas nos Açores, foi incorporado, logo no princípio do século XVI, na frota de Tomé de Sousa e com ele colaborou em numerosas tarefas decisivas para o presente e futuro do Brasil. A tal ponto que Tomé de Sousa (como aludiu na Fenix Angrense Manuel Luís Maldonado) não hesitou em declarar que se deveu a Francisco do Canto a própria fundação da cidade da Baía.

São inúmeros os contributos dos açorianos no Brasil, na defesa e salvaguarda das fronteiras, na libertação do domínio holandês, no sistema de povoamento, na génese e evolução da sociedade brasileira. Vitorino Nemésio relatou muito do que fizeram em dois livros: Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos e Caatinga e Terra Caída. Pormenoriza a intervenção dos açorianos na rota dos Bandeirantes, no desenvolvimento do litoral e interior de Santa Catarina, onde perdura um extenso legado nas manifestações de cultura popular, na gastronomia e na arquitectura, desde Itapoã, no Norte, até Passo de Torres, no Sul.

As referências açorianas não se limitam a Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Maranhão, Ceará e Amazónia. Distribuíram-se através de todos os outros estados. Milhares e milhares de açorianos anónimos e seus descendentes, ao longo de quase cinco séculos, nos mais diferentes sectores de actividade, contribuíram para a grandeza e prosperidade do Brasil.

E Vitorino Nemésio na sua itinerância de terra em terra comunicou-nos, em poemas, crónicas e estudos de investigação histórica, um testemunho de conhecimento directo que nos leva a recordar a nobre, ínclita e desventurada figura de D. Pedro, "o infante das sete partidas", quando afirmava com um saber de experiência feito e na saborosa língua do século XV: "É viajando que mais se aprende dos costumes e índole dos homens do que pela leitura de grossos volumes."

Fonte: CENTENÁRIO DE VITORINO NEMÉSIO ,O fascínio da Europa e a paixão pelo Brasil, Diário de Notícias, Lisboa      17 de Dezembro de 2001

www.instituto-camoes.pt/escritores/nemesio/fascinio.htm