Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


01-12-2004

Geologia de Timor Leste: breve resumo P. Kaul


por

P. F. T. Kaul
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Florianópolis, SC, Brasil
kaul@ibge.gov.br
Outubro/2004

As rochas e os sedimentos do Timor-Leste constituem dois domínios geológicos: um, chamado de Autóctone, constituído por rochas e sedimentos gerados “in situ” ; outro, designado de Alóctone, composto por rochas formadas alhures, porém transportadas às regiões onde atualmente se encontram como conseqüência de intensas movimentações tectônicas.

O Domínio Autóctone se distribui por todo o país, inclusive no enclave de Oecussi. É predominante, entretanto, na metade leste do território timorense (região que se estende, aproximadamente, do meridiano que passa em Manatuto àquele do ilhéu Jaco), tendo presença expressiva no sudoeste deste território (áreas de Bononaro e Ainaro e respectivas vizinhanças). Ele consiste numa sucessão de diferentes tipos de rochas, formadas desde o Permiano Inferior, há aproximadamente 280 milhões de anos, até o Pleistoceno, há cerca de 2 milhões de anos, com lacuna provável de tal formação de rochas no período Cretáceo (intervalo aproximado dos 140 aos 70 milhões de anos). São folhelhos, intercalados por calcários e, eventualmente, por arenitos, conglomerados e lavas básicas. Integram-no, também, consistindo sua porção mais jovem, depósitos quaternários recentes: sedimentos fluviais e marinhos, além de recifes corálicos elevados. Os sedimentos marinhos correspondem às planícies costeiras, que dominam na costa sul do país. Os recifes corálicos elevados são construções calcárias constituídas principalmente por exoesqueletos de corais, que ocorrem nas áreas de Baucau e Los Palos, bem como no ilhéu Jacó.

O Domínio Alóctone corresponde a um “complexo carreado” que se estende, principal-mente, no noroeste do país – região de Balibo, Ermera, Dili, Aileu, Laclubar, etc., ocorrendo também no enclave de Oecussi. Ele é constituído por rochas metamórficas de baixo e médio grau de metamorfismo, além de rochas ígneas, formadas, todas elas, do Permiano Inferior, há cerca de 280 milhões de anos, ao Eoceno, há mais ou menos 50 milhões de anos. Trata-se de xistos sericíticos, micaxistos com biotita, anfibolitos, mármores, diversos tipos de calcário, margas, brechas vulcânicas e rochas eruptivas.

Os bens minerais do país ocorrem em todo o território nacional, correspondendo, em grande maioria, a ocorrências cuja potencialidade não está ainda definida:

Minerais metálicos: cobre, chumbo/zinco, ouro, prata, manganês.
Minerais não-metálicos: talco, magnesita, fosforita.
Materiais de construção: rochas carbonáticas (calcários, dolomitos e mármores), argilas, caulim, areia, cascalho.
Combustíveis fósseis, na plataforma continental do mar de Timor: petróleo e gás natural.

Bibliografia:

- Gageonnet, Robert e Lemoine, Marcel (1958) - Contribution à la connaissance de la géologie de la province portugaise de Timor. Lisboa: Ministério do Ultramar, Junta de Investigações do Ultramar.139 p. (Estudos, Ensaios e Documentos, 48)
- Atlas of mineral resources of the ESCAP region. Volume 17. Disponível em http://www.unescap.org/publications. Acesso em 07 set. 2004.

Fonte: www.timorcrocodilovoador.com.br/ contato@timorcrocodilovoador.com.br