Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


10-06-2004

Velho Mercado Lusófono Acende Luzes sobre Minas Gerais Francisco S Neto


Francisco José dos Santos Neto *

No Brasil Central, em plena Uberaba, resiste e persiste um dos melhores mercados do Brasil Central, em arrojado estilo colonial.

O Mercado Central de Uberaba, de tão belo já foi cogitado para ser teatro. Sua afluência é grande de todos os recantos, sendo útil para a cidade, sendo um primor de beleza para os olhos. Restaurado pela Construtora Pereira Guimarães, em 1996, o projeto conservou e reanimou seus traços originais. Para o engenheiro Geneir Pereira Neto, esta foi uma obra que a Construtora fez com edificante prazer, contribuindo para a restauração do patrimônio da cidade.
De fato, logo à frente, salta aos olhos a igreja sesquicentenária de Santa Rita e seus belos recantos, em uma das Sete Colinas, como Uberaba já foi chamada.

ALVISSAREIRO

É alvissareiro falar sobre as atividades culturais que ora são desenvolvidas, em especial aos domingos, quando o mercado abre até meio-dia e muitos vão até lá saber da novidades ou apreciar uma bebida.

Outros como os elistas gostam do pastel de bacalhau, feito de forma a agradar os mais apurados paladares.

Rever velhos amigos, trocar experiências, conseguir uma receita, com renomadas quitandeiras. Junte-se a isto a oportunidade derradeira de se fazer compras, seja no açougue, no verdurão ou na importadora que sempre tem o melhor vinho do Porto. Olga Maria Frange de Oliveira, diretora geral da Fundação Cultural de Uberaba é uma das que admiram a beleza arquitônica do Mercadão: "não tem comparação, é efetivamente dos mais belos". Com o que concorda Milton Lopes, seu acompanhante, que é do Cerimonial do Governador de Minas Gerais. Ele é categórico: nunca vi nada igual. O presidente da Fundação Cultural, Mário Salvador, dinamiza todos os domingos às dez da manhã um momento cultural precioso, coordenado pelo musicista Lucas Pedroso, que toca flauta como poucos e é um artista de mão cheia.

No última domingo de maio de 2004, Lucas Pedroso trouxe a meiga Eva Kênia e - como já havia feito com Dri Moraes - foi um festival de músicas lusófonas, a que os assistentes ouviam emocionados. Suas músicas tangem a raiz de nossa língua e abrem espaços para que novos artistas possam apresentar-se naquele espaço cultural privilegiado: o espaço do próprio povo.

Isto traz uma repaginação ao próprio Mercado. Além de sua riqueza arquitetônica, acresce-se valor eminentemente cultural. O ARTISTA TEM DE IR AONDE O POVO ESTÁ Neste dois de junho, no jogo de futebol em que o Brasil ganhou por 3 a 1 da Argentina, houve uma bela cantoria unindo o Ministro da Cultura Gilberto Gil e Milton Nascimento, o artista mór das Minas Gerais.

Este Milton, que é sempre amigo, e que um dia cantou "Todo artista tem de ir aonde o povo está". Sim, todo artista tem de ir aonde o povo está, seja no Rock In Rio, em Lisboa, seja nos campos de futebol, se foi assim, assim será, seja numa boléia de caminhão ou no Mercado Central de Uberaba. Onde as moças belas se fazem presente, onde há peixe fresco, onde nas manhãs de domingo é difícil arrumar mesas, onde todo dia é gostoso ir lá, nem que seja só pro cafezinho. Onde as crianças reliam, onde a cantoria rola suave, com àquele repertório que agrada a todos apaixonados pelo nosso idioma. Sinto que muitos de outros povos e continentes gostariam de tanto de compartilhar conosco e com Lucas Pedroso, com Olga, com Milton Lopes, com aquele povo simples que faz das manhãs de domingo uma luz.
Uma luz que faz brilhar Minas Gerais e todas as suas Geraes, como o Triângulo Mineiro, onde a partir do Velho Mercado Lusófono, ao lado da Igreja de Santa Rita faz brotar 150 anos de magia, de ternura, de encantamento.

* Francisco José dos Santos Neto
Fórum Elos - jornalista MTb 3201
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