Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


22-08-2014

Rua Alconxel La Lys:o soldado Francisco Simões(1918)


Do Blog Rua Alconxel que nos lembra o quanto é importante o espaço público das ruas, "ESPAÇOS PÚBLICOS, POR ONDE PASSAM RICOS E POBRES, NOVOS E VELHOS E OUTROS EM BOA IDADE, HOMENS E MULHERES, DE CABELOS CURTOS OU COMPRIDOS, SAIA, CALÇAS, CAPOTE, LENÇOS ÁRABES, SE ASSIM APROUVER AO DONO. UNS PASSAM, OUTROS FICAM, ANDAM DEVAGAR OU MAIS DEPRESSA MAS DÃO PASSAGEM AOS QUE QUEREM SEGUIR. AS RUAS PODEM SER TORTAS, ATÉ TORTUOSAS MAS SÃO COMO AS LINHAS RECTAS QUE NÃO TÊM PRINCÍPIO NEM FIM".
Destaco deste BLOG a história de um soldado português, na Primeira Guerra Mundial, Batalha de La Lyz, entre 9 e 29 de abril de 1918,do Corpo Expedicionário Português, semi-abandonado pelo governo de Portugal.O soldado Francisco Simões que em Mértola pensaram que tinha morrido e por quem rezaram missas por sua alma. O comando militar não se deu ao trabalho de informara família. Mas ele apareceu um dia em 1919 na vila !Em vida nunca teve direito a nenhuma pensão. Foram estes os heróis.E conclui o autor do Blog Rua Alconxel: "Quando se fala em Europa devemos também pensar em quem a construiu".
TERÇA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2008La Lys. 9 de Abril de 1918
Faz noventa anos que se deu a terrível batalha de La Lys. O Corpo Expedicionário Português estava semi-abandonado pelo governo. Alguns oficiais tinham regressado; os soldados não eram rendidos. Estava-se sob comando inglês. Vivia-se nas trincheiras num clima inóspito, viscoso, nevoento, chuvoso, sobretudo para gente do Sul. Humidade, lamas, paisagens destruídas, tiros por todo o lado, trincheiras infestadas de ratazanas, cheiro a morte constante, epidemias, feridos em agonia, paisagem de nevoeiros e crateras de bombas, sem árvores, gaz mostarda mais pesado que o ar, comunicações impossíveis, ordens autoritárias e indecifráveis, soldados camponeses, operários, pescadores, analfabetos quase todos. Sairam quase directamente das suas terras para os campos da morte anónima.O exército alemão avançou em massa, avassalador, bombardeando tudo. Proporção de dez para um e melhor armados, segundo relatos. Nas primeiras quatro horas da batalha de 9 de Abril, cerca de 7500 militares portugueses foram mortos ou ficaram prisioneiros.As imagens são das cadernetas de Francisco Simões, bisavô dos meus filhos. Uma é a da inscrição marítima, pois conduzia barcos de Mértola para Vila Real de S. António numa empresa familiar. A outra é a da caderneta militar. Nesta (as imagens podem ser aumentadas) diz-se explicitamente que foi feito prisioneiro no dia 9 de Abril de 1918. Esteve num campo de prisioneiros alemão até Novembro, segundo a caderneta. Dizia ele que houvia todas as noites os tiros dos fuzilamentos.Em Mértola pensaram que tinha morrido. Rezaram-se missas por alma. O comando militar não se deu ao trabalho de informar.Apareceu um dia em 1919 na vila e foi uma festa e um espanto para todos.Sofreu sempre de problemas pulmonares devido aos gazes.Em vida nunca teve direito a nenhuma pensão.Foram estes os heróis. Quando se fala em Europa devemos também pensar em quem a construíu.

PUBLICADA POR JOÃO F.B.R. SIMAS EM 4/08/2008 11:41:00 PM ENVIAR POR E-MAILBLOGTHIS!COMPARTILHAR NO TWITTERCOMPARTILHAR NO FACEBOOKCOMPARTILHAR COM O PINTERESTETIQUETAS: GRANDE GUERRA, Rua de Alconxel: Mértola       Rua de Alconxel: MértolaApós a reconquista, Mértola ficou sob o domínio da Ordem de Santiago, constituindo-se numa comenda.
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