Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


04-01-2015

História de preconceito e exploração: imagens da África por Walter Pinto


 

 

 por Walter Pinto

 

 

 

 

 

 

Os vários aspectos das relações entre África e Amazônia foram debatidos no VI Encontro Regional da Associação Nacional de História (ANPUH), Seção Pará, realizado no período de 26 de novembro a 1 de dezembro. Tendo como tema "Entre mares, matas e rios: Amazônias e Áfricas", o encontro reuniu, no campus da UFPA, centenas de professores e estudantes dos cursos de História das várias instituições de Belém. Paralelamente, foi realizado o II Simpósio Internacional de História da Amazônia.
Na abertura do evento, realizada no auditório do Colégio Nazaré, a ANPUH homenageou os professores Vicente Salles, Anaíza Vergolino Henry, Nilza Fialho de Andrade, Ruth Burlamaqui de Moraes e Maria Anunciada Ramos Chaves (in memoriam), pela contribuição ao desenvolvimento da historiografia na Amazônia. A professora Ruth Burlamaqui recebeu o título de presidente de honra da ANPUH.

Representando o reitor, a historiadora Iracy Bila Gallo, pró-reitora de Administração da UFPA, informou que, em relação à História, a Capes, por questão de estratégia, considera a demanda da região Norte restrita a um único programa de pós-graduação. A boa notícia é que há grandes possibilidades do programa ser instalado em Belém, que já oferece um curso de mestrado. "O pessoal de Manaus está brigando, mas as chances de ver aprovado o seu projeto são menores", disse.

Após as homenagens, foi realizada a conferência de abertura pelo historiador Didier Lahon, da UFRJ, sobre o tema "A escravidão antes do tráfico", em que abordou a escravidão na Itália, no sul da França e em Portugal, do século XIII ao início do século XVI. Lahon destacou a divergência historiográfica que opôs Michelet a Marc Bloch, em épocas diferentes, em torno de conceitos de sociedade escravagista e sociedade com escravos, e a importante intervenção de Moses Finley que afirmou não ser o número de escravos o que realmente importava, mas o impacto da escravidão na sociedade.

Nos demais dias, o encontro realizou cinco mini cursos sobre "Imagem e representação africana no modernismo brasileiro", "Família e Demografia", "Ser escravo em Portugal: uma memória a resgatar", "África antiga" e "História da África"; duas sessões de comunicações sobre "História e natureza" e "História e antropologia"; dez grupos de trabalho sobre "Ensino de História"; "Escravidão e racismo"; "Gênero e família"; "História e natureza"; "História política da Amazônia"; "Memória social e história oral"; "Movimentos sociais rurais e cultura"; "Migrantes no Brasil". Foram também realizadas a mesa redonda "Tráfico, escravidão africana e relações de trabalho na Amazônia" e a conferência "O tambor de mina no Maranhão".

"O negro no Pará" e a intensificação da pesquisa científica sobre o tema

O historiador, antropólogo e folclorista paraense Vicente Salles, nascido em Igarapé-Açu, graduado pela antiga Universidade do Brasil, disse que se sentiu emocionado com a homenagem da ANPUH. "O sentido da homenagem talvez se deva ao trabalho realizado", observou, "mas ele ainda não foi encerrado porque ainda me resta um pouco de força para continuar pesquisando". Autor de um clássico da historiografia amazônica, o livro "O negro no Pará", Salles disse que, depois da sua publicação, viu com muita simpatia, a intensificação de pesquisas sobre comunidades negras, basicamente na área da antropologia associada à história. Segundo ele, seu livro será atualizado pelos jovens pesquisadores que estão em campo, a quem cabe a tarefa de ampliar os estudos que realizou "numa época em que era bem mais difícil discutir a questão".

 

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