Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


23-08-2004

O poder da comunicação a favor ou contra? Margarida S Castro


Margarida Castro,membro do Elos Clube de Uberaba

«Só o povo-povo, o povo dos campos, as classes menos ilustradas da sociedade protestaram em silêncio.»

(Almeida Garrett, 1799-1854,texto sobre a invasão francesa em Portugal))

a.noticia@que.gostariamos.ler

Na sociedade mediática em que cada vez mais vivemos, a comunicação é crucial. Até mesmo na política! Mas tome nota:comunicar, não é sinonimo de informar. Há que tornar  “conhecidas” as medidas assumidas. Há que as explicar e justificar. Há que passar mensagens positivas. Mas, por um lado, se seria suicida por ignorar o poder da comunicação, hoje corre-se o perigo inverso: ao admitir-se que tudo se resolve com a imagem. È que as pessoas não são tão estúpidas quanto os «marketeiros» acreditam ao induzir nelas comportamentos.

Cuidado governantes! O uso excessivo da promoção da imagem, de frases vazias de significado, quando não correspondem à tomada de «boas» decisões ou à ausência destas, corre o risco de os levarem ao ridículo e a perderem  a liderança política !

Ainda, há dias, li num jornal uberabense a respeito da polémica entre políticos locais, sobre qual deles informatizou a Câmara Municipal?  Questão ligada à propaganda que ambos usaram, em épocas diversas, como «feito» próprio. Será que o «feito» não terá sido dos eleitores que assim o exigiram? Será que o povo  agora  dispõe de  uma  informação mais transparente  por parte da Câmara? Quem foi o primeiro dos dois políticos a prestar melhor serviço com as tecnologias da informação?

Por outro lado, a Câmara dispondo de recursos informáticos qualificados, pode facilitar o acesso da comunidade às tecnologias de conhecimento, enfim ao saber, dispondo de um  Centro de Referência Virtual com informações sobre os temas de responsabilidade social empresarial e desenvolvimento sustentável, práticas exemplares e pesquisas do mundo corporativo e acadêmico no Brasil e do exterior. Esta a notícia que gostaríamos de ler!

cidade.maravilhosa@cultura.e.compromisso

Na capital carioca ocorrem realizações culturais que sempre  acompanhamos. Exemplo disto foi  o «Colóquio Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-americano», no qual participaram intelectuais renomados. Os trabalhos apresentados (www2.uerj.br/~intellectus/Frames.htm) foram subordinados aos seguintes temas: intelectuais, discussões conceituais sobre o iberismo e as práticas culturais.

Entre os  estudiosos presentes citamos o historiador português Luís Augusto Costa Dias , membro do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX -CEIS-20 da Universidade de Coimbra. Costa Dias, no âmbito Centro, tem vários trabalhos publicados e realiza frequentes palestras, em Portugal e no Brasil, sobre  os problemas estéticos que caracterizaram o século XX.

Com efeito, a arte e os artistas nos colocam perante a verdade do século, frente aos «possíveis» que fizeram todo o horror e todo o deslumbramento de que nos sentimos herdeiros. A história portuguesa do século XX dá-nos testemunhos. A estética ocupou um  lugar da maior importância. Considerando-se, como início do século, a instituição da República: com uma torrente de proclamações, manifestos, críticas e ensaios que se referem à arte, às artes e ao artístico. É, sem dúvida, da arte que se fala. Se não fosse a arte, os problemas  teriam ficado ocultos. O estudo da questão estética que caracterizou o século anterior, pode estender-se a outras latitudes.

Outro evento, que merece registro, ocorre no Rio: a exposição sobre os «Manuscritos do Mar Morto» no Museu Histórico Nacional,. A mostra chama-se «Pergaminhos do Mar Morto: Um legado para a Humanidade» e será exibida até o dia 9 de Outubro (www.museuhistoriconacional.com.br/).

O diálogo Ocidente-Oriente, de que a presença portuguesa no Oriente é uma feliz expressão, acentua que as diferenças de perspectiva não se resolvem pelo confronto, pela Guerra mas por um maior conhecimento
mútuo, pela compreensão das diferenças e pelo respeito pela opinião do nosso interlocutor. Grande parte das mudanças a que assistiremos nas próximas décadas, passam pelo Oriente e pelo grande espaço civilizacional asiático. Ninguém - estados, povos, agentes e grupos políticos - conseguirá ter algum papel relevante no construir do devir, se não o percepcionar e compreender.

intercambios@humanismo.latino

Dia 23 de Agosto, por proposta do Elos Clube de Uberaba,  foi instituído o dia da cultura Luso-afro-brasileira  (Lei Municipal Nº 8.372).Tínhamos também sugerido incluir a cultura asiática! Mas comemoraremos todos os povos que deixaram suas heranças no Brasil. A lusofonia que defendemos  é parte do Humanismo Latino. Uma presença no mundo. Existem  diversas culturas com componentes e valores de raiz  latina, que vão desde a Europa à América latina, à África, enfim a todo o mundo onde emigrações latinas se fixaram. As Universidades são os centros dinamizadores do resgate da memória histórica. Por esta razão existem mais de trinta cátedras universitárias de Humanismo Latino com sedes em universidades da Austrália, Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Suíça e Portugal. 

“Amar o próximo como a si mesmo”, em nosso  entender, resolve o principal problema do Humanismo, que, como dizia o grande poeta e humanista africano, presidente do Senegal, com enorme orgulho na ascendência portuguesa, Léopold Senghor, «consiste em encontrar as raízes da própria cultura para conhecer o outro e enriquecer-se através da troca das nossas diversidades».

O poder da comunicação pode ser a favor, se apoiado na ética, nos ajudar a promover o diálogo entre povos.