Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


27-01-2022

Genealogia: Árvore genealógica, com um caso de criança exposta


 

Genealogia FB:Alexandre Calhau Martins pesquisa sobre os trisavós Partilha o resultado de uma pesquisa sobre os trisavós.

Há uns anos atrás, durante uma pesquisa sobre um dos ramos da minha árvore genealógica, cruzei-me com um caso de crianças expostas.

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Este é só um de muitos casos que encontramos já no final do século XIX, inicio do século XX sobre crianças expostas.

Um dos meus trisavôs, Joaquim António Martins, nasceu em Borba em 1845. Era proprietário e lavrador e em 1898 morava no Largo das Servas. Em 1903, casou na igreja da Matriz de Borba com a minha trisavó Maria do Carmo Bravo.

Antes do casamento, em 1889, Maria morava na Horta da Granja (Santa Bárbara) e em 1893 era moradora no Monte dos Palmeiros na Orada. Ela teve duas filhas de pai incógnito, Francisca e Margarida.

No dia do casamento entre Joaquim e Maria, a 22 de setembro de 1903, foram legitimadas cinco crianças. As duas filhas de Maria de pai incógnito, Sebastião, o primeiro filho do casal, e mais duas crianças expostas.

O meu bisavô, António Joaquim Martins, viria a nascer em 1908, ano em que Joaquim e Maria eram moradores no Monte da Amendoeira em Santo António da Terrugem. Em 1910 já moravam novamente em Borba, agora na Rua de São Bartolomeu.

Na certidão de casamento de Joaquim e Maria, é feita uma descrição detalhada de como as duas crianças expostas foram encontradas. Segue um excerto:

"Barnabé, exposto, batizado a 11 de junho de 1884 na igreja de Nossa Senhora do Sobral da Vila de Borba. Barnabé foi encontrado ás dez horas da noite por Maria José Bravo junto à sua porta no Largo da Matriz. Trazia uma camisa de paninho, uma roupinha e uma touca de linho com renda."

"Luiza, exposta, batizada a 19 de setembro de 1885 na igreja de São Bartolomeu da Vila de Borba. Foi exposta na Rua de Nossa Senhora, abandonada dentro de uma alcofa e encontrada ás doze horas da noite por Maria do Carmo Prado, trazia uma camisa de paninho, dois cocinos sendo um de pano cru e outro de baeta de algodão branco, debruado de chita encarnada e branca,um cinto de castorina azul forrado de chita encarnada, tendo cozidas ao mesmo três medalhas de metal amarelo, uma com a efige do senhor Jesus dos aflitos, outra do senhor Jesus do Prizão e outra de nossa senhora das Dores, um casaco de meia castorina escura, debruado de chita encarnada, uma touca de paninho com renda pelo meio, e em volta, um lenço branco de três pontas. Faleceu a 31 de março de 1966 em São Bartolomeu."

Muitas vezes, as pesquisas genealógicas trazem-nos novidades tristes, no entanto, elas fazem parte da história e não devem ser apagadas. Não conhecendo estes meus trisavós, naturalmente, consigo pelo menos imaginar que foram pessoas de um grand

Recordo que os filhos de pais incógnitos, são isso mesmo, não têm nome de pais, mas tal não quer dizer que sejam expostos.

Já os Expostos eram colocados na Roda porque a mãe não tinha condições económicas para criar a criança, ou por motivos de ordem social, filhos à margem do casamento, muitas vezes até filhos de nobres e plebeias.
A criança levava consigo algo que a identificava, uma medalhinha, ou por vezes, quando pensavam ir buscar a criança mais tarde, a mãe ficava um sapatinho, ou um laço ou até um bocado do tecido do coeiro. Estes pertences acompanhavam o registo da criança, era a sua identificação.