Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


06-02-2017

Será mais fácil ser português?


Helder Castro

03/02/2017 16:57

O governo português parece, finalmente, estar disponível para facilitar a vida de quantos querem adotar a nacionalidade portuguesa, seja porque nasceram em Portugal, embora filhos de pais estrangeiros, seja porque, embora nascidos fora da "terrinha", têm ascendência lusa.

O governo português parece, finalmente, estar disponível para facilitar a vida de quantos querem adotar a nacionalidade portuguesa, seja porque nasceram em Portugal, embora filhos de pais estrangeiros, seja porque, embora nascidos fora da "terrinha", têm ascendência lusa.

O assunto está em discussão no parlamento português e, apesar das diferenças de pontos de vista entre os partidos, inclusive os da chamada "geringonça", - assim a direita, conservadora ou liberal, designa a aliança de centro-esquerda que dá sustentação parlamentar ao governo socialista do primeiro-ministro António Costa -, pelo menos parece haver concordância num ponto: é necessário desburocratizar o processo. O que, parecendo pouco, já é muito. Tente o leitor pedir a nacionalidade portuguesa num qualquer consulado ou numa das "modernas" lojas do cidadão espalhadas por Portugal e vai ver os trabalhos em que se meteu...

Ainda que a legislação em vigor seja relativamente recente (a Lei da Nacionalidade, de 1981, já passou por várias modificações, tendo sido a última alteração aprovada pela Assembleia da República em maio de 2015), a verdade é que pouco ou nada facilitou a vida de milhares de afrodescendentes lusófonos ou luso-brasileiros que, por opções de vida ou simplesmente por razões que só o coração conhece, querem ter em Portugal uma primeira ou segunda nacionalidade.

Por enquanto, o que se sabe sobre o que o governo pretende fazer é muito pouco. Num comunicado divulgado sexta-feira (3), em Lisboa, o Ministério da Justiça diz que está pronto um diploma que "agiliza e clarifica situações como as dos netos de portugueses nascidos no estrangeiro" e que torna "objetivos os termos em que é apreciada a existência de laços de efetiva ligação à comunidade nacional".

Diz também a pasta da ministra Francisca Van-Dúnem - ela mesma uma angolana que a vida levou a optar por se radicar em Portugal - que a análise dos pedidos de nacionalidade de filhos menores, adotados, cônjuges ou casais em união de fato será "mais simples, previsível e célere".

Não bastará, no entanto, reduzir ou mesmo anular exigências absurdas da lei, como a prova de conhecimento da língua portuguesa para naturais de países em que o português é a língua oficial.

Convém aqui lembrar que a burocracia kafkiana não é um mal exclusivamente português. Há não muito tempo,  um tribunal de Brasília exigiu a tradução juramentada de um documento português.

Não será suficiente, julgo, democratizar a lei. Será necessário que o calvário, que pode começar nos serviços consulares, passando por notários ou cartórios e toda essa parafernália de ferramentas burocráticas, a que o candidato à nacionalidade é normalmente submetido, seja radicalmente substituído por procedimentos céleres conduzidos por funcionários capacitados. Não será fácil, mas, enfim, há que acreditar num amanhã melhor.

Será mais fácil ser português?

 

   
 

Será mais fácil ser português?

By Alfredo Prado

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