Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


12-10-2008

Os portugueses que fundaram a Mazagão brasileira - Margarida Castro


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Breve apontamento sobre os portugueses que fundaram a Mazagão  brasileira

A antiga Mazagão africana foi uma possessão portuguesa em Marrocos, no norte da África, correspondendo à atual cidade de El Jadida, 90 km para sudoeste de Casablanca.

Fundada em 1513 como entreposto comercial, resistiu à soberania dos mouros à custa de grande esforço e investimento da Coroa portuguesa, para servir os navegadores que faziam a Rota do Cabo. A reedificação da fortaleza foi encomendada aos maiores arquitetos italianos e espanhóis, numa altura em que se transitava da guerra neurobalística para a pirobalística, ou seja, das armas de arremesso (como as catapultas, por exemplo) para as armas de fogo. Assim se justifica a inclinação das muralhas, que deste modo repelem o impacto das armas de fogo, assim como o alargamento das ameias, para a colocação das colubrinas, canhões e demais dispositivos.

Mas a partir de 1750 os ataques mouros à praça portuguesa de Mazagão intensificaram-se, e face à incrível desproporção das forças em presença, tornou-se difícil aos portugueses a sua defesa. No início de 1769, perante a informação da concentração de grande contingente de tropas mouras em torno de Mazagão, o Rei D. José I ordenou o abandono da praça e o embarque da população ocorreu em 11 de Março desse ano.

“Com estas famílias ordena El Rei Nosso Senhor, que se estabeleça uma nova Povoação na Costa setentrional do Amazonas, para se darem as mãos com o Macapá, e com Vila Vistoza.”, segundo um cronista da época.

A este ato não esteve alheio o fato do então Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, ter sido igualmente designado, em 1751, governador da Capitania do Grão-Pará e plenipotenciário das Demarcações, perante o quadro político de uma Amazônia em risco de ser anexada por outras potências européias. Era necessário povoar, defender e desenvolver a vasta região, sobretudo a foz do rio Amazonas. É no contexto da depauperação e das dificuldades da presença portuguesa em Marrocos, e desta necessidade do desenvolvimento amazónico, que se entende a ordem de transferência da população mazaganense (2092 pessoas), que nela habitava , para a Amazônia, no norte do Brasil, fundando a Vila Nova de Mazagão (1771), às margens do rio Mutuacá , no então Estado do Pará ( hoje incluída no «novo» Estado do Amapá, e referida como Mazagão Velho). Mas nem todas as famílias mazaganistas foram transferidas para a Mazagão amazônica. Uma parte ficou na região de Belém, na vila Vistosa de Madre de Deus e algumas em Macapá, sendo compostas na sua maioria por oficiais.

Importa lembrar que no século XVIII o direito de «ocupação», prevalecia sobre o direito de «descoberta». Sem dúvida, que se a maior parte da Amazônia pertence hoje ao Brasil, é fruto da política encetada pelo Marquês de Pombal.

A história da colonização do Norte do Brasil, em fins do século XVIII, e das famílias lusitanas que habitavam a praça de Mazagão, na África, e fundaram a Vila do Nova Mazagão no Pará, tem despertado o interesse de muitos autores dos dois lados do Atlântico. As editoras dispõem de vasta lista de obras relacionadas com esta temática.

Informações pesquisadas por Margarida Castro, outubro 2008