Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


26-04-2018

A inauguração do Canal do Suez contada por Eça de Queiroz


EÇA DE QUEIRÓS

A inauguração do Canal do Suez contada por Eça de Queiroz

 

No dia em se inaugura a segunda rota do Canal do Suez, o Observador recorda a reportagem que Eça de Queiroz publicou em 1870, no Diário de Notícias, sobre o nascimento desta importante rota marítima.

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A baía de Port Said estava triunfante no primeiro dia das festas. “Em nome da companhia de Suez, dou a primeira pancada de alvião neste terreno que abrirá às raças do Oriente a civilização do Ocidente”. O relato não é sobre a inauguração da segunda rota do Canal do Suez, que está a decorrer esta quinta-feira, no Egito. É, sim, a memória do que se passou em novembro de 1869, quando se abriu pela primeira vez uma das vias marítimas mais importantes do mundo, elo de ligação entre o Ocidente e o Oriente. Eça de Queiroz estava lá e relatou tudo ao Diário de Notícias, numa série de quatro reportagens.


Aos 23 anos de idade, e a quase outros tantos de vir a escrever Os Maias, o jovem Eça de Queiroz esteve na inauguração da ligação entre Porto Said, no Mar Mediterrâneo, e Suez, no mar Vermelho. Quando regressou a Lisboa foi desafiado pelo amigo e fundador do DN, Eduardo Coelho, a contar aos leitores tudo o que se passou. Se hoje, na primeira expansão do canal em 145 anos de existência, os jornais noticiam o que se está a passar no Egito quase ao minuto, à época foi preciso esperar dois meses, até 18 de janeiro de 1870, para ler nas páginas do jornal a primeira reportagem do escritor sobre o acontecimento.

O jovem Eça prometeu fazer “apenas a narração trivial, o relatório chato das festas de Port Said, Ismailia e Suez”. Longe de uma prosa aborrecida, logo no início do texto os leitores ficaram a saber que o escritor e o Conde de Resende, que o acompanhou em toda a viagem, não gostou da transição entre o sossego das pirâmides de Gizé, dos templos de Sakkarah e das ruínas de Mênfis e aquela “confusão irritante que foi o maior elemento de todas as festas do Suez”. Até porque a polícia egípcia não previu bem a logística do evento e esqueceu que “trezentos convidados, ainda que não tenham a corpulência tradicional dos paxás e dos vizires, não podem caber em vinte lugares de vagões, estreitos como bancos de réus. Por isso, em volta das carruagens havia uma multidão tão ávida como no saque de uma cidade.”

 

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