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Antonio Borges Sampaio


16-08-2019

Livro reúne contribuição de Maria da Conceição Tavares à economia


   
 

Brasil Debate - Blog de CartaCapital

 

 

 

Livro reúne contribuição de Maria da Conceição Tavares à economia

 

Obra editada pelo Centro Celso Furtado e a Fundação Perseu Abramo traz seleção de textos produzidos nos últimos 50 anos pela professora

Ao (re)fazer uma leitura da influência das ideias econômicas e sociais latino-americanas na formação teórica de Conceição Tavares, percebemos sua inserção diferenciada no debate público brasileiro. Não foram poucas as contribuições teóricas do estruturalismo ao pensamento de Conceição Tavares. Começando pelo método histórico-estrutural de análise, passando pelo desafio do desenvolvimento econômico na periferia, atingiu o repúdio à visão de automatismos do mercado para se percorrer a via do desenvolvimento, a ideia de estilo distinto de desenvolvimento em economia periférica e o papel das empresas transnacionais na dinâmica do sistema capitalista mundial.

 

Posteriormente, a autora adicionará ao método histórico-estrutural a sua chamada Economia Política, apoiada em Marx, Keynes, Kalecki, Steindl e Schumpeter, para analisar a dinâmica e o processo da acumulação de capital no Brasil. Na Escola de Campinas, nos anos 1970, ela reverá muitos pontos discutidos no âmbito da Cepal.

Em auto subversão da própria ideia de “estrangulamento externo”, a terceira contribuição de Conceição Tavares à análise da natureza do crescimento brasileiro incorpora um esquema de reprodução kaleckiano capaz de descrever os mecanismos endógenos do processo de acumulação de capital no Brasil. Embora fosse ainda uma industrialização restringida por implantação parcial dos departamentos industriais, o processo de crescimento brasileiro já continha elementos em comum com o processo de crescimento verificado nos países desenvolvidos.  

 

A existência incompleta do setor de bens de capital tinha levado o ciclo ao auge, seguido de sua reversão, dado o papel central do investimento à frente da demanda. Os auges cíclicos (1957-1962 e 1967-1973) tinham sido intensos, mas curtos, fadados ao rápido esgotamento, porque o porte do departamento produtor de bens de capital era insuficiente para atender à demanda agregada. Os lucros se multiplicavam, mas, para a realização, os investimentos tinham de se acelerar continuamente. A elevação da relação capital / produto em certo ponto contrapunha as decisões de investimento com a ociosidade da capacidade produtiva.

Na tese de livre-docência defendida em 1974, Acumulação de Capital e Industrialização no Brasil, o tema da dinâmica da industrialização brasileira é retomado e aprofundado com uso de conceitos de autores como Marx, Keynes, Schumpeter, Kalecki e Steindl.

As características de “padrões de acumulação” se referem às formas alternativas de auto-organização capitalista. Emergem das taxas diferenciadas de crescimento dos diversos setores da economia e através de formas de competição neles vigentes, cada qual dependente da particular distribuição de renda.

Conceição Tavares adota o conceito de industrialização retardatária, discutido durante a elaboração da tese de doutoramento do colega João Manuel Cardoso de Melo. Era uma alternativa à visão cepalina e às Teorias da Dependência, tanto à de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, quanto à de Rui Mauro Marini e André Gunder Frank.

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