Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


24-04-2007

Crônica do Brasil


Francisco G. de Amorim *

É  ÉTICA  ou  É TITICA ?

Ética é um assunto que vem sendo discutido, pensado, matutado e até complicado por pensadores, filósofos, teólogos e outros matutos, desde há milênios até aos dias de hoje, divergindo os mais modernos à medida que vai evoluindo o conhecimento científico.
Concordam com uns aspetos, discordam de outros, mas para leigos obtusos, como eu, fica sempre no ar uma pergunta inocente: “Será que a evolução científica tem algo a ver com a ética, sendo esta simplesmente a “ciência” da moral e dos costumes?”
Segundo alguns desses pensadores “o Estado representa o ponto de partida e de chegada na ética...” E se o Estado nega todos estes princípios, desmontando de forma implacável tudo aquilo que levou milhares e milhares de anos a definir, permitindo os mais sujos jogos de corrupção, apadrinhamento, enriquecimento ilícito, corporativismo, e outras práticas abomináveis? Como ficamos? (Como agora que uma vergonhosa quantidade de juízes e desembargadores foram presos por todas estas coisas, e no dia seguinte o SUPREMO Tribunal de Justiça mandou que os delinqüentes, sim, delinqüentes, aguardassem julgamento em liberdade, sabendo que esse julgamento só acontecerá... quando mesmo? Talvez nunca. Os restantes membros da quadrilha, mesmo os milionários, ainda estão presos, mas não tarda que tudo acabe à moda napolitana: em pizza.)
O noticiário é repetitivo. Escândalos diários, a todos os níveis, piores nos mais altos escalões, sem que o grande líder apareça a dar uma palavra de ordem, uma explicação, um rumo. Nada. Aparece a inaugurar obras que por aí se ficam, a anunciar PACs que não decolam, sorrindo do alto do seu trono glorioso onde a palavra Ética parece ter sido riscada do vocabulário, e da atitude, do Estado.
O Brasil está pejado de políticos onde essa palavra não existe, nem nos caciques de língua castelhana que nos rodeiam, caciques violentos e demagogos conduzindo arbitrariamente os destinos de povos quase famintos, e nada se conhece da política que o nosso país está conduzindo (será que está?) para nos garantir um futuro mais tranqüilo e mais justo.
Secretismo de Estado? Talvez. O que chega aos ouvidos do povo são pouco mais do que balelas, negociatas por cargos nos altos escalões, manobras para impedir o andamento de CPIs que podem desmascarar toda a sujeira que invadiu o Estado.
Restam-nos, da Ética, a visão de Lutero, quando diz que “a liberdade, e não a lei, é o contexto fundamental para a vida humana”.
Liberdade vamos tendo, e é isso que faz este país continuar a crescer economicamente, à revelia de ineptos governos. Graças a Deus. Socialmente cresce mais devagar. É pena. Se ficássemos, pelo menos, uma década sem governo, o Brasil seria o sonhado paraíso terreal!
Será que lá, nos topos da hierarquia alguém se enganou e em vez de Ética escreveu que a conduta deveria manter-se fiel à È-Titica”, que, segundo Aurélio, significa excremento de aves?
Excremento, que lembra o balir dos rebanhos: mééé...

24 abr. 07
* Francisco G. de Amorim  "Abraço" <oyarzun@terra.com.br>

Retirado de http://br.groups.yahoo.com/group/dialogos_lusofonos/