Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


25-05-2021

Precisamente. Portugal, para nós brasileiros, nunca é outro lugar, Paulo Mendes da Rocha(1928-2021)


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Paulo Mendes da Rocha(1928-2021)

Paulo Mendes da Rocha morreu este domingo, aos 92 anos, em São Paulo, Ganhou o Prémio Pritzker, em 2006, e o Leão de Ouro de carreira na Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2016. Em Portugal, assinou duas das poucas obras que fez fora do Brasil: o Museu dos Coches e a Casa do Quelhas, em Lisboa. Esta é a republicação de uma conversa com o Expresso, em outubro de 2017

24-05-2021

Ana Soromenho

Alberto Frias                                                                                                                                                                      

Não precisa, não quer e não gosta de falar na sua biografia. É um interlocutor rebelde que nos interroga e interpela ao diálogo. A sua inclinação maior continua a ser a arquitetura, disciplina em construção permanente que lhe permite uma deambulação filosófica por vários territórios.

Durante os anos da ditadura militar, de 1964 a 1985, Paulo Mendes da Rocha foi impedido de projetar e de ensinar, ele que era professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e já se tinha revelado como um dos mais eminentes nomes da “nova” arquitetura brasileira, ao assinar o emblemático edifício do Clube Atlético Paulistano, três anos depois de se ter formado. Para poder trabalhar juntou-se a ateliês mais pequenos, participando em projetos onde não podia assinar, mas continuando assim a exercitar o olhar, porque é um homem que gosta de observar o mundo a partir do gesto que antecede a ideia de concretizar: “Necessidades e desejos, tudo nasce a partir deste lugar”, dir-nos-á.

Nasceu em 1928, em Vitória, uma cidade portuária, no estado do Espírito Santo, onde o pai, engenheiro, trabalhava em recursos navais e hídricos, e absorveu a disciplina de arquitetura a ver as grandes obras de engenharia. É esta a escala que o irá marcar. Tornou-se um dos mais consagrados arquitetos brasileiros — recebeu o Pritzker e foi galardoado com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza pelo conjunto da obra — apesar de a quase totalidade da obra de Paulo Mendes da Rocha ter sido construída em São Paulo, a cidade onde passou grande parte da sua vida.

Passou por Lisboa para visitar uma das raras obras que realizou fora do Brasil, o Museu Nacional dos Coches, feito em parceria com o ateliê de Ricardo Bak Gordon. Queríamos ouvi-lo contar a sua história para perceber a matéria de que é feito este brasileiro de 89 anos que marcou gerações de arquitetos. Visitámos na sua companhia o museu que ele mesmo desenhou e que o continua a surpreender e a encantar. É sobre isso que quer falar: “Não há nada mais interessante, nem mais intrigante, que eu tenha feito do que esta obra. E não destacaria tanto a questão de ser fora do Brasil.”

Essa afirmação tem que ver com o facto de Portugal não ser igual a nenhum outro território fora do Brasil?
Precisamente. Portugal, para nós brasileiros, nunca é outro lugar.

Paulo Mendes da Rocha, o arquiteto do Museu dos Coches, em entrevista em 2017: “A independência da mente é o nosso único espaço privado”

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Paulo Mendes da Rocha, o arquiteto do Museu dos Coches, em entrevista em 2017: “A independência da mente é o nosso único espaço privado”

 

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