Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


17-01-2022

Serpa Pinto, explorador do continente africano por Miguel Louro


 

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Serpa Pinto, explorador do continente africano

Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto nasceu em Tendais, no concelho de Cinfães, no dia 20 de abril de 1846, filho de José da Rocha Miranda de Figueiredo e de sua mulher Carlota Cacilda de Serpa Pinto.

Serpa Pinto ingressaria no Colégio Militar com dez anos, tendo-se tornado aos dezassete Comandante do Batalhão do Aluno.

Serpa Pinto viajaria para África em 1869, numa expedição ao rio Zambeze, integrado numa coluna militar que tinha por objetivo enfrentar as milícias do Bonga, que haviam atacado as tropas portuguesas. Nesta viagem, Serpa Pinto realizaria uma função técnica, avaliando a rede hidrográfica e a topografia local, um excelso trabalho de reconhecimento da região.

A 11 de maio de 1877, Serpa Pinto seria nomeado para participar numa expedição científica à África Central, na companhia dos oficiais da Marinha Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, com o objetivo expresso de “comporem e dirigirem a expedição que há-de explorar, no interesse da ciência e da civilização, os territórios compreendidos entre as províncias de Angola e Moçambique, e estudar as relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze”.

A comitiva partiria de Benguela em novembro, tendo-se, no entanto, separado em Bié. Capelo e Ivens seguiriam para norte enquanto Serpa Pinto continuaria para leste, mudando gradualmente o seu rumo para sul. Serpa Pinto atravessaria o rio Cuando em junho de 1878, alcançando Lealui em agosto. Daí, seguiria a sua viagem ao longo do Zambeze até às Cataratas Vitória, tendo posteriormente virado para sul, alcançando Pretória a 12 de fevereiro de 1879.

Em 1881, a Royal Geographical Society conceder-lhe-ia a Medalha do Fundador "pela sua viagem pela África”. Neste mesmo ano, Serpa Pinto publicaria a sua obra de dois volumes “Como eu atravessei a África”, traduzida no mesmo ano para inglês, francês e alemão.

Em 1884, Serpa Pinto seria nomeado Cônsul-Geral para o Zanzibar, com a missão de explorar a região entre o Lago Niasa e a costa do Zambeze ao Rio Rovuma. Em 1885, Serpa Pinto empreenderia uma expedição com o Tenente Augusto Cardoso, tendo, no entanto, adoecido gravemente e sido transportado para a costa, onde acabaria por recuperar.

Uma nova expedição liderada por Serpa Pinto subiria o vale do Condado, tendo contactado com vários chefes locais da região onde hoje se situa o Malawi. As suas expedições seriam também um relevante contributo para a ciência, ao registarem o espaço geográfico, com destaque para os rios, designadamente o Zambeze, que liga Angola a Moçambique, pela recolha de informações dos vários povos, da flora e fauna que encontrava, e pelos apontamentos e registos detalhados, com ilustrações, sobre tudo o que ia observando.

Serpa Pinto retornaria a Portugal, tendo sido Ajudante de Campo dos Reis D. Luís e D. Carlos. Seria ainda nomeado Governador-geral de Cabo Verde a 20 de janeiro de 1894, exercendo o cargo até 1898.

Serpa Pinto viria a falecer a 28 de dezembro de 1900, aos 54 anos, em sua casa, na Rua da Glória, em Lisboa, tendo o seu funeral tido honras de Estado. Seria sepultado no jazigo da família, no Cemitério dos Prazeres.

Os seus serviços à Pátria seriam largamente reconhecidos após a sua morte. Em sua memória, seriam batizadas com o seu nome diversas ruas pelo país, bem como uma cidade em Angola (hoje Menongue), sede da província do Cuando-Cubango. Durante as comemorações do 125.º aniversário da fundação da Sociedade de Geografia de Lisboa, seriam emitidos dois selos com um retrato de Serpa Pinto em lugar de destaque. Em Cinfães, seria inaugurado em 2000 o Museu Serpa Pinto, em frente a uma praceta que ostenta um busto em sua honra.

O N/T Serpa Pinto, batizado em 1914 em sua homenagem, foi o navio de passageiros que, durante a Segunda Guerra Mundial, mais viagens transatlânticas realizou entre Lisboa, Nova Iorque e o Rio de Janeiro, transportando refugiados da guerra, nomeadamente judeus em fuga do nazismo. Adquiriria assim grande fama, ficando conhecido como o “Navio Herói”.

Miguel Louro

 

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Fonte: Nova Portugalidade