Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


20-03-2022

POR QUE É QUE OS REFUGIADOS AFRICANOS NÃO FOGEM PARA A RÚSSIA? José Luís Mendonça, angolano


 

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POR QUE É QUE OS REFUGIADOS AFRICANOS NÃO FOGEM PARA A RÚSSIA?

Sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, qualquer posição que se tome, contra ou a favor, tem sempre opositores.

Mesmo que se aleguem as normas do Direito Internacional Público (DIP). Quer dizer que a análise do conflito é baseada em outras considerações, nomeadamente a famigerada geopolítica internacional e a teoria agregada dos “quintais elásticos” das grandes potências (doutrina Monroe/ Cortina de Ferro, etc.)

Porém, um dos aspectos pouco debatidos em torno da guerra na Ucrânia é a questão da INDEPENDÊNCIA ou AUTONOMIA DAS NAÇÕES.

Com esta guerra na Ucrânia fica por debater no fórum político mais alto do planeta – a ONU – outra vez a problemática da autonomia dos países membros e de outros povos ainda sob tutela, como a Palestina.

Num debate destes, haveria que redesenhar a Carta da ONU e o próprio DIP.

Como mero cidadão africano de um país independente há quase meio século, importa-me sobretudo redefinir as nossas independências africanas e o ciclo de pobreza interminável dos nossos povos, bem como a submissão aos modelos políticos das grandes potências, mas, e sobretudo, questionar por que é que há dirigentes que defendem que só um REGIME DITATORIAL é capaz de desenvolver os nossos povos.

A realidade tem provado que a ditadura (neo-liberal ou pseudo-comunista) não deu, nem está a dar certo. O caso angolano é paradigmático.

No global, acredito que a desnuclearização dos arsenais militares seria um bom começo.

E, no global, quem tem dito que a ex-URSS ajudou a libertar o continente africano, urge perguntar. a Rússia está mais perto da Ásia que a Europa e os EUA. Mas, os refugiados que fogem das ditaduras asiáticas emigram para a Europa ou para a América. E os africanos vão quase todos os dias para a Europa, de barco, morrendo alguns no Mediterrâneo. Ninguém foge para um país onde não há liberdade.